O repórter Laércio Ribeiro, na última edição do jornal Opinião, assina matéria desnudando o lado sombrio escondido na aparente beleza dos rios e igarapés da bacia Araguaia-Tocantins, ao revelar dados científicos estudados pelo biólogo Noé von Atzingen apontando riscos de desaparecimento do rio Tocantins.
Concentrados numa área pesquisada a partir de 1984, os estudos da equipe do presidente da Fundação Casa da Cultura de Marabá demonstram o desaparecimento de água corrente em 33 igarapés afluentes do Tocantins. “Noé traçou uma rota de sete quilômetros, que sai de São Félix, passa por Morada Nova e Murumuru e volta novamente para São Félix, passando pela estrada vicinal que sai do Lago do Deserto e se estende até o Geladinho”, conta Laércio. Nessa trilha ele (Noé) catalogou 36 cursos d’água.
Passados 24 anos, foi constatado agora no verão deste ano, em setembro, que das 36 grotas estudadas apenas três tinham água corrente. “Todas as outras estavam secas”.
Como nenhum rio caudaloso sobrevive sem o abastecimento de água de seus afluentes, a tendência do Tocantins é desaparecer. Sugere o estudo.
Probabilidade, aliás, evidente a olho nu.
A foto mostra o estreitamento do Tocantins em algum trecho de seu curso, com volume de água reduzido. Anualmente, o rio fica com menos liquido e mais denso de áreas secas. Praias ganham em extensão, estreitando a passagem do rio.
Laércio Ribeiro
28 de novembro de 2008 - 16:38Grande Hiroshi,
Lamentavelmente, no cumprimento do dever de informar, nós, jornalistas, muitas vezes enfrentamos o dissabor de notícias como esta.
Mais lamentável ainda é que poucos têm, como você e o nobre Parsilfal tiveram, sensibilidade para fatos tão chocantes como esse.
O Tocantis está morrendo, é verdade, mas que não morra nunca em nós o desejo de clamar por ele.
A propósito do tema, deixo aqui belíssimo poema de nosso poeta Ademir Brás.
Ao entardecer, o Tocantins em chama
– à plena luz do sol que se afoga –
tem no abandono de sua água,
a mesma plenitude que me dana.
Sou luz e dor à tona d’água.
Desfeito no encanto dessa hora
em que soluça a tarde e minha mágua
é feita de presença e de agora,
assim me ponho inteiro sobre o mundo.
Suave como a noite é meu espanto.
Maior do que a tarde e mais profundo,
é esse amor tardio com que me encanto.
Amo. E sou rio tranqüilo e céu revolto.
À margem desse rio, posto em sossego,
sou irmão da lua e do morcego
e desse pirilampo errando solto.
Desse amor me vem a luz que cega,
a noite que flutua, o sol já morto,
e esta solidão que o rio carrega
sem jamais deter-se em qualquer porto.
À margem desse rio a céu aberto,
entre a noite virgem e o sol aflito,
meu coração é pássaro inquieto
e flor rompendo a noite como um grito.
Anonymous
28 de novembro de 2008 - 15:33Onde estão as Tvs que ignoram essa realidade e nada noticiam.
Hiroshi Bogéa
28 de novembro de 2008 - 00:45Cileide, minha queridinha.
Meu abraço de agradecimento. Esse tema merece a preocupaçào de todos.
Volte mais vezes.
Hiroshi Bogéa
28 de novembro de 2008 - 00:42Caro deputado, o tema é preocupante. O Noé, sempre estudioso, tem farto material sobre a pesquisa. Como ele mora na Vila Murumuru, contato apenas durante o dia na Casa da Cultura de Marabá.
Um abraço.
Ponto de Encontro
27 de novembro de 2008 - 23:33Uma realidade triste, essa é a verdade.
São tantos os motivos desse triste episódio está acontecendo. Seria o caso de buscarmos soluções pelo menos para retardar esse final….
O que faremos?
Parabéns pelo blog Hiroshi, sempre com muita informação e talento seu!
Abraço
Cileide Tavares
Parsifal Pontes
27 de novembro de 2008 - 21:35Olá meu amigo Hiroshi,
O assunto que você aborda neste post, interessa-me sobremaneira. Gostaria de ter o material completo, assim como o contato do autor.
Parabéns pela manutenção do seu blog, onde sempre busco notícias do Sul do Pará.
Um grande abraço,
Parsifal Pontes