“Disseram que ela não vinha, olha ela aí…”

 

“Vampirizando” trecho da canção do Benjor , fica mais fácil colorir a volta de Syanne Neno à Blogosfera.

A jornalista  voltou!

Em verdade, ela não tinha partido, estava apenas preparando a hora de voltar.

E já chega arrasando ao contar aquilo que ninguém “viu” no jogo  Paysandu X  Remo, na reabertura oficial do Estádio Mangueirão.

Para quem não sabe, Syanne Neno foi a primeira mulher a escrever em jornais artigos sobre futebol

A presença dela nas páginas esportivas foi além fronteira, tendo o reconhecimento de consagrados cronistas do ramo, entre eles, o inimitável Armando Nogueira.

Syanne, ao surgir como a primeira mulher na crônica esportiva, abriu espaço nos estádios com mais frequência para o vai e vem feminino, sempre tratada como gênero descartável no mundo machista do futebol.

Naquele tempo, sem dizer uma palavra nesse sentido, mas dizendo com a sua presença  nas colunas esportivas, Syanne alargou fronteiras para deixar bem claro que lugar de mulher é no estádio!

No Brasil, em função de grande importância que adquiriu no país, o futebol foi o tema em torno do qual gravitaram os principais cronistas esportivos, como Mário Filho, Nelson Rodrigues, Armando Nogueira e João Saldanha.

Depois veio Syanne Neno,  com seu jeito doce, suave e carregada de afeto, dizer para os machões que a palavra feminina em um texto de crônica esportiva tem o sabor das uvas maduras na hora da colheita.

Agora, ela está em seu novo blog, para ratificar que lugar de mulher é no estádio.

Para acessar, salve este link

Vamos nos deliciar com seu texto.

Quem não esteve no Mangueirão, não viveu!

 

Syanne Neno

 

A jornalista que vos escreve não foi à inauguração oficial do novo Mangueirão, no último domingo.  Ajudei a escrever a história do jornalismo esportivo feminino no Pará, fui a primeira mulher do Brasil a ter uma coluna de crônicas de futebol, ganhei elogios do mestre Armando Nogueira, fui a cara das glórias bicolores em rede nacional.

Mas no mundo moderno, memória é palavra de luxo. E ler virou uma chatice.

Pitangas choradas à parte, eu  poderia ter ido, simplesmente, como a torcedora do Paysandu que sempre fui. Antes mesmo de ser jornalista. Mas desisti em cima da hora por motivos de comodismo dominical.

Mesmo de longe, acompanhei e me emocionei. Nosso Estádio Estadual Jornalista Edgar Proença está de arder os olhos e o coração de orgulho.

O lugar no qual levei incontáveis sacos de xixi na cabeça, enquanto entrevistava jogares no gramado, hoje virou uma arena inclusiva e acessível. Ganhou a primeira sala do Brasil de acolhimento sensorial, uma Delegacia da Mulher, novas e modernas rampas, e daqui a um tempinho ganhará um suntuoso Museu do Futebol.

Valorizando a memória do estádio e jogadores que por ali passaram.

E parafraseando meu guru literário, Nelson Rodrigues: quem não esteve no Mangueirão, domingo, não viveu!

Teve festa das aparelhagens, teve cantores performando no gramado, teve boquinha do animal, teve Sal com o S do Super Pop, teve gol de placa.

Falemos, então, de um dos mais sublimes RexPa já vistos naquele cenário.

Mudando a postura dos dois últimos clássicos, o Paysandu entrou pra trabalhar mais a bola no campo ofensivo.  Márcio Fernandes é um adepto do “Dinizismo”, valorizando a troca de passes, a posse de bola em um futebol arrojado e intenso.

A Escola “Dinizista” tem como mentor o técnico Fernando Diniz, que transformou o Fluminense em uma máquina de sedução com a bola nos pés.

Nelson Rodrigues diria, com certeza, que foi o “Sobrenatural de Almeida”, personagem místico e eternizado em suas crônicas, que cochichou no ouvido do técnico Márcio Fernandes para escalar Vinicius Leite.

O atacante já estava conformado que não iria entrar jogando, combalido por uma infecção. Mas o Sobrenatural de Almeida, na tarde daquele domingo, não esteve no Maracanã, ajudando o Fluminense de Nelson Rodrigues. Esteve na reinauguração do Mangueirão, ajudando o time azul e branco com asinhas celestiais no escudo.

Os deuses do futebol escolheram o Paysandu Sport Club para ser o protagonista da história da reinauguração do Mangueirão.

Não bastava ser o vencedor, precisava ser com um gol daqueles que o torcedor bicolor nunca irá cansar de ver.  Tem coisas que só acontecem ao Paysandu. Gol mais rápido do mundo, 7 x 0 no rival, gol de placa em jogo de festa.

Mas a partir de agora, Remo e Paysandu voltam a escrever, sobre a mesma linha, sobre o mesmo parágrafo, a nova era do futebol paraense.  Tem Corinthians, tem Fluminense, tem Goiás nos visitando.

O Mangueirão é novo, mas a magia do futebol imponderável continua clássica. E arrebatadoramente deliciosa. Mestre Nelson Rodrigues, certamente, está ansioso por novos e surpreendentes capítulos.