Som intimista tateado de percussão que nem Chico faria melhor, ouvir Mônica Salmaso faz um quê de diferença. Há um jeito novo de (ouvir) música. Cadência. Ritmo. Balanço.
Uma batida de voz ferminina no meio do samba ou da canção. Que nem O Velho Francisco diferente, bem diferente, na voz de Salmaso.
Li jornal
Bula e prefácio
Freqüentei palácio
Sem fazer feio
Vida veio
E me levou
No “sebo”, ineditismo
Ouvir CDs em lojas de sebo é uma delicia. Ficar horas a fio, tira e bota, repete a mesma faixa, ler ficha técnica, relíquias diante dos olhos (e ouvidos) como uma dose energizante de alma.
Bem verdade que as lojas de sebo dos tempos atuais não são como aquelas do vinil. Perderam o charme, a chiadeira gostosa das faixas do LP riscado. Mas não deixam de passar a mágica sensação de se escutar o que por muito tempo ficou pra trás e que, de repente, vira coisa inédita, como se fosse a primeira vez sua execução.
Na pressa, já aconteceu do pôster quebrar a cara levando pra casa cheiro de fossa. E sentir-se mal, ouvindo na calmaria doméstica, descobrir tratar-se de verdadeiro trash. Na mesma hora a ‘coisa’ vai pro mato – porque o jogo não é de campeonato. Não serve nem pra presentear.
Se o disco é muito ruim, você está fazendo mal de dar aquilo para uma pessoa. É como dar veneno. E olha que 90% da música produzida hoje – samba, rock, pagode, pop, sertanejo -, pode envenenar. Mas isso é normal. É uma depuração. Se tem uma boa produção de samba, há sempre também uma grande mediocridade. Coisa copiada, porcaria feita por gente que nem é do ramo.
E em todos os gêneros acontece isso. Não são criminosos, só estão na profissão errada.
Tocando em frente
Dia desses, deparamos com uma relíquia de deixar arrepios em todo o corpo. O primeiro LP de Renato Teixeira, santista criado em Taubaté, descoberto por Elis Regina -, entre tantos outros que ela revelou, inclusive João Bosco.
A Pimentinha (apelido carinhoso da mãe de Maria Rita) não errava. Ela enxergou nele um autor que sabia, como poucos, retratar a verdadeira alma do homem do campo, ao mesmo tempo em que estava conectado com o urbano.
O primeiro trabalho de Renato é irrepreensível. Estão, entre outras belíssimas canções de lançamento do compositor, Amora, Amizade Sincera, Um Violeiro Toca e Cavalo Bravo.
Tocando Em Frente, não. Tocando foi mais à frente.
RICARDO ARACATI
17 de dezembro de 2007 - 21:01PREZADO HIROSHI, PRECISAMOS DAR VALOR AOS VERDADEIROS ARTISTAS…
Hiroshi Bogéa
16 de dezembro de 2007 - 21:40Vamos ver se tenho coragem de encarar uma mudança no layout do blog. Haja paciência. E tempo!
Tb admiro você, menina.
Beijos
Cris Moreno
15 de dezembro de 2007 - 23:57Caramba, menino, tudo tão perfeito. Obrigada, foi um prazer ler você. Com música e tudo.
Obrigada tb pelo elogio ao blog. Por que não muda um pouco tb? Aproveita para entrar o ano novo com casa nova?
Beijos.
Admiro-te muito.