O poster saiu em carro próprio de Marabá às 05h30 desta terça-feira, com destino a Xinguara, acompanhado de cinegrafistas e uma repórter. De Marabá a Eldorado, percurso de 100 km, o trecho foi feito em uma hora.
De Eldorado a Xinguara, trecho de 130 km, o tempo gasto foi de 2 horas e 35 minutos. A Pa-150, nessa faixa da estrada, está assim, assim de crateras.
O governo do Estado vai precisar de muita grana para recuperar a rodovia.
Uso e abuso
O grande responsável pela destruição de parte da Pa-150 que estava recuperada, é a Sidepar (Siderúrgica do Pará S.A), empresa de ferro gusa com sede em Belo Horizonte. Diariamente, pesados caminhões originários de Floresta do Araguaia transportam minério de ferro de uma jazida da empresa adquirida há quatro anos.
Os controladores da Sidepar são Via Dragados, Edifica Empreendimentos, Vagon Engenharia e Construtora Valadares Gontijo. O empreendimento, que contou com incentivos do governo estadual, inicialmente se propôs a gerar 500 empregos diretos no Pará, segundo informações do diretor geral do grupo Via Dragados José Celso Valadares Gontijo.
Pesquisa feita pelo Observatório Social em fevereiro de 2006 verificou que a Sidepar empregava na época 340 funcionários diretos, e que sua produção média anual de ferro-gusa era de 288.000 toneladas. Também constatou que a siderúrgica adotava mecanismos de controle sobre seus fornecedores, monitorando a adequação das condições de trabalho nas carvoarias e o pagamento das obrigações trabalhistas; quando foi feita a pesquisa a empresa possuía um número médio de 20 fornecedores de carvão e contava com uma equipe de três pessoas para a fiscalização nas carvoarias. De acordo com a Repórter Brasil, a empresa se comprometeu a colocar em seus contratos de fornecimento cláusulas a respeito do trabalho escravo.
A Sidepar conta com dois altos-fornos e, segundo o empresário Celso Gontijo, a intenção é expandir o negócio para mais sete fornos, inclusive com a implantação de uma unidade no município de Rio Maria. A estimativa do grupo empresarial é que o negócio apresente um faturamento em torno de US$ 30 milhões ao ano.
Como se observa com os dados fornecidos, o grupo da família Gontijo tem estrutura suficiente para atuar ambientalmente na legalidade, controlando o peso dos caminhões que transportam minérios e evitando, com isso, que as rodovias paraenses entrem em colapso
Está na hora dos órgãos do Estado entrarem em cena.