Em 1978 , Noé von Atzingen comprou a área com 40 hectares onde hoje é a Reserva Ambiental Murumurú. Quase tudo ali era juquira. Foram muitos anos de trabalho arrancando capim e plantando árvores, principalmente essências nativas. A casa da reserva foi construída em 1981 utilizando materiais locais como: barro, palha de babaçu, cipó etc. Ao longo dos anos, a Casa sofreu algumas modificações, sem no entanto, perder suas características originais.
Em 30 anos de muito trabalho e dedicação conseguimos transformar aquela área degradada, em uma floresta em franca regeneração, enquanto ao nosso redor, praticamente toda a floresta original foi destruída e deu lugar à pastagem.
A RAM é um bom exemplo de recuperação de área degradada, preservação e uso sustentado dos recursos naturais, tanto que já foi tema de programas de televisões locais, nacionais e internacionais. Ali já estiveram grandes personalidades como: Governadores, representantes de grupos ambientalistas de renome mundial, escritores, poetas, cientistas, e mais de 20 mil pessoas já visitaram a reserva. Temos recebido muitas visitas de escolas e universidades para discutir, aprofundar e apreciar os conhecimentos sobre o meio ambiente.
Na Reserva, nunca queimamos lixo nem folhas das árvores, elas são usadas para adubar as plantas. O lixo inorgânico (latas, plásticos, vidros) é reutilizado ou enterrado. O lixo orgânico é transformado em adubo.
No decorrer do tempo, plantamos na RAM mais de 8 mil árvores, como mogno, castanha, ipê, jatobá, faveira, cumarú, angelim etc., inclusive o famoso Pau-Brasil. Mantemos também um orquidário com cerca de 5 mil orquídeas para estudo cientifico e visitação.
Na RAM existem 2 tipos de ecossistemas: floresta de terra firme (nas áreas mais altas) onde podemos encontrar, o ipê, a castanheira, o cumarú, o babaçu, o inajá e o cupu, e a floresta de várzea (nas áreas que alagam no período das chuvas), nela encontramos o açaí, o arapari, o buriti, a sumauma, etc. Os estudos da flora nativa na reserva apresentam número surpreendentes. São mais de 700 espécies vegetais, sendo: 250 espécies de árvores, 22 de palmeiras, 70 de espécies de cipós, mais de 300 espécies de plantas ornamentais, 25 espécies de orquídeas, 39 espécies medicinais, 05 espécies de plantas parasitas, 17 de plantas venenosas e 46 espécies aquáticas.
Estamos estudando e catalogando também os animais silvestres que existem na área, pois com a destruição das florestas próximas e a caça na região, boa parte deles encontraram refúgio na reserva. São 217 espécies de aves, 04 de quelônios, 49 de mamíferos, 17 de lagartos, 64 espécies de peixes, 25 de sapos e 48 de cobras. Somando 424 espécies.
Alguns anos atrás, tivemos problemas com caçadores na área, hoje, graças ao trabalho educativo feito na região de Morada Nova e Murumuru este problema não mais existe.
Apesar do desaparecimento de alguns animais e vegetais devido ao desmatamento regional e suas conseqüências climáticas, outros animais que há anos não eram observados na área, hoje estão sento vistos como: veados, macacos cuxiú e capivaras. Alguns grupos estão em visível crescimento como os quatis, macacos pregos, macacos mão de ouro, lagartos e anfíbios.
Na casa da reserva há uma biblioteca com 2.500 títulos, que abordam além de obras da literatura mundial e nacional, mas principalmente temas ligados a flora, fauna, arqueologia, antropologia, espeleologia e história amazônica.
Existem na área, quatro trilhas para observação do meio ambiente:
A Trilha da Casa, voltada principalmente para identificação de árvores frutíferas;
A Trilha da Floresta Secundária, com 1.800m de extensão, para observação da regeneração florestal;
Trilha de Várzea, com 800m para observação deste ecossistema;
Trilha do Igarapé com 2km para ser percorrido em canoa ou caiaques.
Várias publicações científicas foram feitas sobre a reserva: Fauna do Murumuru, 1999; Triatomíneo da microrregião de Marabá, 1999; Fauna do Murumuru, Novas Ocorrências, 2003; Estudos Metereológicos em Murumuru, 2004; Plantas Aquáticas da Região de Marabá, 2004; Helicônias Nativas do Sudeste do Pará, 2004; Flora do Murumuru, 2004; Projeto Doença de Chagas, 2004; Ictiofauna do Murumuru, 2009; A influência das mudanças climáticas sobre a biodiversidade na região de Marabá, 2010 e Mamíferos ocorrentes na Reserva Ambiental Murumurú, município de Maabá/PA, 2010.
Na Reserva Ambiental Murumuru são desenvolvidos os seguintes projetos:
- Projeto tratamento de lixo: Com o lixo orgânico produzido na reserva é feito o composto que se transforma em adubo e é utilizado na área. Parte do lixo inorgânico é reutilizado como garrafas, plásticos etc. e parte é enterrada. Nenhum tipo de lixo é queimado na área.
- Projeto adaptação e soltura de animais silvestres: Em conjunto com o IBAMA e a Fundação Casa da Cultura de Marabá a reserva serve de local para readaptação e soltura de animais que estavam sendo vendidos, capturados ou mantidos em cativeiro ilegalmente.
- Projetos Estudos Meteorológicos: Desde 1978 são feitos estudos meteorológicos na reserva, através das anotações diárias de temperatura máxima e mínima, nível do Igarapé Murumurú e quantidade de chuva.
- Projeto Recuperação da Floresta de Terra Firme: Desde 1978 na reserva foram plantadas mais de 8.000 mudas de árvores nativas visando recuperar as áreas de florestas que foram destruídas no passado, as principais árvores plantadas são mogno, castanheira, ipê, jatobá, cumaru, Angelim.
- Projeto de recuperação e conservação do Igarapé Murumurú: Em conjunto com a Fundação Casa da Cultura de Marabá, os visinhos da reserva e com a escola do Murumurú algumas ações tem sido realizadas visando a recuperação e conservação do Igarapé Murumurú, através de limpeza do lixo do rio, plantio de árvores junto às margens para conter a erosão e evaporação e conscientização os moradores ribeirinhos.
- Projeto Educação Ambiental: Este projeto funciona através de visitas guiadas de escolas da região. A reserva já recebeu 138 turmas de 68 escolas, perfazendo um total de 6.223 estudantes. A visita guiada consiste em reconhecimento dos ecossistemas da reserva bem como as espécies vegetais e animais mais comuns da área, visita ao orquidário, palestra sobre recuperação de floresta, reciclagem de lixo e monitoramento do igarapé murumurú.
(*) Escrito por Noé Von Atzingen, biólogo presidente da Fundação Casa da Cultura de Marabá
Paulo Gomes
16 de março de 2015 - 16:52Sou militar estou em Marabá. Gostaria de conhecer este local lindo e inspirador. Por favor me diga como chego até ai.
ATT
Paulo Gomes
Paulo Gomes
16 de março de 2015 - 16:50Ola! Parabéns pela dedicação.
Gostaria de saber como posso ir até esta Reserva maravilhosa para aprender e conhecer. Sou um amante do meio ambiente natural. Não sei como chegar até ai. Por favor mande uma mensagem explicando. Estou em Marabá-PA.
Obrigado pela atenção.
DAIANA VIEGAS
1 de março de 2014 - 23:46Olá
gostaria em primeiro lugar de parabenizar o trabalho inspirador . Sou proprietária de uma Galeria de Artes em Marabá e gostaria de saber mais sobre o projeto, ou ainda marcar uma visitação. agradeço
J. Douglas
13 de setembro de 2013 - 13:31Olá querido gostaria de informaçoes sobre esta reserva. Estou desenvolvendo um projeto com Murumuru, e gostaria de adquirir mais conhecimento.
KERLE
4 de setembro de 2012 - 13:24ola sou kerle de BH noe gostei do progeto?
agenor garcia
21 de abril de 2011 - 11:03Curupira Von Atzingen,
Me dirijo ao senhor das matas para lhe agradecer de coração pela reserva do Murumurú. O senhor me conhece, sou um primata como tantos que um dia, teve a felicidade de conhecer aquele oásis, em meio a tantas pastagens e buracos enormes para a retirada ilegal de piçarras para atêrros em Marabá e Morada Nova. Um amigo meu, desses que avoam, me disse que de lá até a grande mata dos Gavião, é um pulinho só. Que bom. E tem, ainda, no caminho, a mata das Flecheiras, terra de Mundico Vitô, marido de Mariquinha, boleira, costureira, que criou seus filhos alí, pelos lados da Travessa do Hospital.
Muito Obrigado, sinhô Curupira Von Atzingen,
Um grande abraço,
Ageor Garcia