Na última terça-feira (17), o sociólogo e jornalista Lúcio Flávio Pinto publicou em seu blog um texto de despedida do “jornalismo cotidiano”.
Ele explicou que a medida drástica é para reduzir os danos do Mal de Parkinson, doença que possui, bem como para evitar os efeitos do stress e ansiedade.
Parte do texto de Lúcio anunciando sua aposentadoria, a seguir.
Há algum tempo uma das principais fontes de angústia na minha vida é o jornalismo, meu ofício há 53 anos, iniciado aos 16 anos de idade e praticado com intensidade e paixão ininterruptas desde maio de 1966. Por várias vezes anunciei o fim do Jornal Pessoal ou deste blog, mas acabei voltando atrás e retomando o exercício da profissão. Infelizmente, porém, essa capacidade de renascer se exauriu. Meu médico voltou a me advertir que a composição de stress com ansiedade e angústia, que me dominam, é um veneno para um parksoniano, conforme fui diagnosticado.
Tenho tentado reduzir esses componentes, ao mesmo tempo genéticos, efeitos da função que exerço ou resultados da minha formação, mas os efeitos são inevitáveis no jornalismo crítico que pratico, especialmente num ambiente de extremismos, irracionalidades e absurdos, como o que estamos vivendo. Só há uma saída: suspender o jornalismo cotidiano, de linha de frente, de front mesmo. É o que faço neste momento, com profundo pesar, mas certo de ser a única maneira de conter o avanço acelerado da doença, como tem ocorrido recentemente.
Apesar da despedida, Lúcio não deve abandonar completamente a prática jornalística, mas vai se dedicar a conteúdos mais especiais e colaborando em outros veículos, como afirmou no terceiro e último parágrafo do texto:
Continuarei alimentando os outros blogs e utilizando este para inserir matérias que estão fora do universo digital, recuperando informações úteis que podem se perder. Talvez mantenha o Jornal Pessoal mensalmente. Espero contar com a compreensão e o acompanhamento dos leitores mais fieis.
PERFIL
Lúcio Flávio Pinto é sociólogo, formado pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo (1973). Foi professor visitante (1983/84) do Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade da Flórida em Gainesville, EUA. Foi professor visitante no Núcleo de Altos Estudos Amazônicos e no Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Pará.
É jornalista profissional desde 1966. Percorreu as redações de algumas das principais publicações da imprensa brasileira. Durante 18 anos foi repórter em O Estado de S. Paulo. Em 1988 deixou a grande imprensa. Dedicou-se ao Jornal Pessoal, que escreve sozinho desde 1987, em Belém
O jornalista possui 21 livros individuais publicados, todos sobre a Amazônia, os últimos dos quais Amazônia Decifradada e A Questão Amazônica. É co-autor de numerosas outras publicações coletivas, dedicadas à Amazônia e ao jornalismo. Recebeu o Prêmio Wladimir Herzog de 2012 pelo conjunto da sua obra. Foi considerado pela ONG Repórteres Sem Fronteiras, com sede em Paris, como um dos mais importantes jornalistas do mundo, o único selecionado no Brasil para essa honraria.
Além disso, recebeu quatro prêmios Esso e dois Fenaj, da Federação Nacional dos Jornalistas. Por seu trabalho em defesa da verdade e contra as injustiças sociais, recebeu em Roma, em 1997, o prêmio Colombe d’oro per La Pace e, em 2005, o prêmio anual do CPJ (Comittee for Jornalists Protection), de Nova York.
Eliani
7 de novembro de 2019 - 17:35Gostaria de saber se real as notícias que correm em rede social que está com CA e necessita de ajuda financeira. Inclusive compartilhei em rede social
Vera castro
22 de julho de 2019 - 21:12A dor no meu coração é muito grande.Lúcio é meu amigo de todas as horas,e conhecedor dos meus problemas.Tenho um carinho extremo por lês.Aprendi a vibrar com as conquistas de Lúcio.É o paraense mais internacional da terra,não merecia esse castigo,mas estou rezando para que sua estresse diminuace lês possa viver com dignidade,sem muito sofrimento.Eu amo meu mano Lucio
Lúcio Flávio Pinto
22 de julho de 2019 - 09:46Muito obrigado por sua preocupação e atenção, caro amigo. Tive que reduzir o trabalho e a tensão que o jornalismo cotidiano, da forma que o pratico, para combater a progressão do Parkinson. Mas tentarei manter o Jornal Pessoal em edição mensal impressa em papel.
hiroshi
22 de julho de 2019 - 18:54Lúcio, não precisa dizer o quanto te estimo e respeito. Nossos embates, a partir de certa idade, são em torno da preservação da saúde, lutar para alongar um pouco mais a vida. Esse desafio posto você vai encarar, tenho certeza, com a mesma obstinação com que você sempre enfrentou as outras. Dedique-se a isso, precisamos de você por aqui,inda mais agora vivendo tempos sombrios. Quando for a Belém, lhe visitarei. Abs
Luis Sergio Anders Cavalcante
22 de julho de 2019 - 05:41Sr. Hiroshi, apesar de continuar de outra forma e em outro front, perde muito o jornalismo crítico, combativo e denuncista praticado pelo Sr. Lucio Flavio Pinto. Guardadas devidas proporções, comparo o Dr.(Advogado) Ademir Braz(Blog Quaradouro), com Lucio. Lamentavel. Vida que segue…..22.07.19, Marabá-PA.