O blogueiro publica a opinião de três especialistas sobre os riscos que a carga de ácido sulfúrico caída no rio Tocantins pode levar às comunidades ribeirinhas.
As três fontes consultadas são unânimes em tranquilizar a população quanto o real perigo dos produtos tóxicos espalhados na água.
Em vídeo, o professor de Química Erik Rocha defende a tese de que o percurso do rio, do local do acidente para a cidade de Imperatriz, percorre uma distância de 100 km, ajudando os produtos tóxicos se dissiparem ao longo do trajeto.
Servidor em Imperatriz da Companhia de Água do Maranhão (Caema) , Erik revela que a companhia suspendeu o fornecimento de água, “por precaução”, e explica, no vídeo abaixo, sua tese tranquilizadora.
Nuvem de fumaça
Ronaldo Bezerra, também bioquímico, diz que as redes sociais e alguns veículos de informação estão alarmando as populações de forma irresponsável.
Com larga experiência no manuseio de ácido sulfúrico, Ronaldo diz que “quando o ácido sulfúrico toca a água, ele ferve”, diz ele, explicando em detalhes:
“Então, a primeira coisa, se o caminhão que desabou no rio com a queda da ponte, tivesse vazado na proporção de ter, por exemplo, derramado a carga toda, você ia ver uma nuvem de fumaça horrível que ia subir quando ele se encontrasse com a água”, garante o bioquímico.
Como até o presente momento, nenhuma autoridade ou ribeirinho próximo a queda da ponte, confirmou a existência desse fenômeno químico levantado por Ronaldo, “existe a possibilidade do caminhão não ter nem vazamento, a carga pode estar intacta no interior do veículo, né?, indaga. “E se tivesse vazado”, prossegue, o produto tóxico ia se diluir muito facilmente com a água; uma parte ia ser vaporizada e a outra parte ia se diluir”.
Finalizando. Ronaldo Bezerra acrescenta: -“Com o volume gigantesco que tem no Rio Tocantins, o ácido úrico nunca ia chegar aqui em Imperatriz ou em outras cidades a jusante”.
Precipitação de decisões
Já na avaliação do Químico Alexandre Fontoura, o trancamento do sistema de abastecimento de água em Imperatriz, “foi uma decisão precipitada”.
“Muita coisa aconteceu de forma muito precipitada, porque outros estudos não existem no município e nós também não temos órgãos de controle, nem da parte da Defesa Civil, nem da parte das Secretarias de Meio Ambiente, que faz o monitoramento da vazão e fluxo de velocidade na superfície ou na calha do Rio Tocantins”, explica.
Alexandre revela que em 2022, defendendo tese de doutorado, ele se debruçou no desenvolvimento de um modelo matemático para calcular a velocidade na superfície do rio, levando em consideração os trabalhos de batimetria e vazão de água fornecido pela Agência Nacional das Águas, única subestação existente, em Tocantinópolis, no Estado do Tocantins.
“Com esse estudo, nós chegamos à conclusão de que a velocidade na calha do rio Tocantins é de aproximadamente 2,18 metros por segundo. Ou seja, se nós levarmos em consideração um limitante entre zero e uma velocidade máxima superior, nós teríamos aí um limite máximo de oito quilômetros por hora. Seria a velocidade das águas do Rio Tocantins”, revela.
“É claro que nós temos que levar em consideração outros fatores que são importantes, como profundidade do rio e também a largura do nosso rio. E ainda as quedas de velocidade com fluxos de pedrais existentes ao longo de de aproximadamente 136 a 156 quilômetros de extensão do Rio Tocantins entre os municípios de Estreito Maranhão e Imperatriz. Se nós levarmos em consideração esses pontos que eu estou colocando e levarmos em consideração o espalhamento desse poluente, esse poluente vai demorar aproximadamente 19 horas e meia para chegar aqui em Imperatriz”, calcula o especialista.
Ou seja, pelos estudos do profissional, o poluente (ácido úrico) chegaria em Imperatriz por volta das 14 horas de terça-feira, 24.
“Esse poluente não vem solto, ele sofre decaimentos ao longo do curso de água até chegar ao município. Um dos processos de decaimento do poluente é para as regiões de matas ciliares que ficam no leito do rio. Então há uma perda de poluentes aí. Sem dizer que a quantidade de poluentes em relação ao metro cúbico de água, a quantidade de volume de água que tem nesse curso entre os municípios de Estreito e Imperatriz , é uma quantidade mínima em relação a esse espalhamento todo. Então é claro que houve uma precipitação dos nossos órgãos de comunicação porque nós não temos um material adequado para fazer o monitoramento do espalhamento desse poluente até chegar a Imperatriz”, lamenta Alexandre