Na Câmara Municipal de Belém e no átrio da prefeitura, Odair Corrêa, exercendo ali a função de governador em exercício, fez dois discursos criticando frontalmente o governo do qual faz parte. Com passagens recheadas de empolgantes eufemismos, as falas de Corrêa pegaram pesado na estrutura de segurança pública do Estado.
Na prefeitura, diante de Duciomar Costa, o vice-governador disse textualmente:
– Quero que o povo de Belém saiba que o vice-governador do Pará não concorda com essa onda de violência, que massacra vidas diariamente. Não concorda e não aceita o que está ocorrendo. É preciso que se faça algo urgentemente para conter essa violência que toma conta de todo o Estado”.
Ora, ora, depois do dito, Odair Corrêa, por uma questão de ética, deveria optar entre dois caminhos: anunciar publicamente seu rompimento com a governadora Ana Júlia – diante de sua insatisfação com a onda de violência -, ou recolher-se à sua insignificância de mero ocupante de vacâncias até o término do mandato para o qual foi eleito para ajudar a resolver os problemas do Estado.
O que não pode é Odair ficar usando a estrutura do governo, realizando viagens tresloucadas como as que realizou nas últimas 48 horas – conforme disse publicamente na Câmara de Belém -, para “ dar posse a quatro prefeitos eleitos”.
Gastar dinheiro do erário vitaminando cada viagem com críticas diretas ao próprio governo, não bate bem essa conta.
Ou a cabeça de quem as realiza.
Fazendo de conta
Deu pra notar a inquietude do prefeito Duciomar Costa, em sua festa de posse na prefeitura, ouvindo as críticas do vice-governador ao governo do Estado. Se não ficou constrangido, pelo menos demonstrou ouvidos de mercador (espécie de surdo à súplica alheia), despistando o olhar para outros horizontes.
A situação de embaraço do prefeito foi dissimulada, logo à frente, quando, em seu discurso, dirigindo-se à presidente do Tribunal de Justiça, Albanira Bemerguy, disse da intenção de convidar todas as autoridades do Estado (TJ, MP, Governo, AL, líderes comunitários, agentes de saúde) para discutir num grande seminário a questão da saúde de Belém. “ Mas sem buscar culpados, sem apontar quem está atuando menos, esquecendo o passado, para construir um conjunto de ações para amenizar as demandas”.
Anonymous
5 de janeiro de 2009 - 18:32Acho que o vice está certo, tem que criticar o que está errado, não pode ser conivente com os erros dos outros.
Hiroshi Bogéa
5 de janeiro de 2009 - 01:25O meu ponto de vista é bem claro. Sem nada entrelinhas.
Resumo da Ópera: Odair Correa foi oportunista.
Anonymous
4 de janeiro de 2009 - 22:34O vice-presidente faz as críticas na condição de vice. Aidna não vi criticar a política econômica do Lula, quando fala em nome do presidente em determinados eventos.
O que aconteceu com o nosso vice foi isso. Ele estava representando a governadora e, como tal, por uma questão até protocolar, deveria ser mais contido e não sair atirando a torto-e-a-direit. A crítica está até correta, todos estamos sofrendo com a falta de segurança. Mas ele foi até deselegante com a governadora. Principalmente pela veemência com que fez a crítica. Vi ahora ele enfartar.
Acho mesmo que o Odair queria roubar a cena. Só não roubou porque não temos aqui mais imprensa. Nem jornal e nem repórter, que perceba numa solenidade, como aquela da posse, o que é uma notícia.
Roberto Silva
Anonymous
3 de janeiro de 2009 - 19:01Hiroshi, não concordo contigo. O vice governador está certissimo em tecer críticas à falta de segurança e portanto aos altos índices de violencia em nosso Estado.`Ele é vice governador mas não tem que ser subserviente, mostra que tem personalidade e não apoia os erros e omissões da titular.
Quando o vice presidente da República faz críticas à area economico financeira do governo Lula, todo mundo aplaude, porque o nosso vice governador não pode criticar o que está errado em nosso Estado?
Alcilene Cavalcante
3 de janeiro de 2009 - 01:13Agradeço imensamente sua visita ao Repiquete. Feliz e abençoado 2009. Beijos