Há uma polêmica entre críticos e historiadores maranhenses sobre o verdadeiro autor do clássico “O sertão: subsídios para a história e a geografia do Brasil“. Para alguns, quem escreveu a obra foi Parsondas de Carvalho, enquanto outros a atribuem a irmã do poeta, Carlota Carvalho, que em duas edições se apresenta como autora.
Eu acabo de ler o livro “Parsondas de Carvalho: um novo olhar sobre O sertão“, escrito pelo advogado e membro da Academia Maranhense de Letras, Sálvio Dino, que veio a Marabá, durante o mês de junho, deixar um exemplar com dedicatória amável de próprio punho.
Nascido em Grajaú, Sálvio Dino conhece o sertão maranhense como poucos. Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, protagonizou inesquecíveis júris em cidades do Maranhão.
Em longo período, eu tive o prazer de conviver pessoalmente com ele em Imperatriz, ocasião em que o mesmo ocupava uma cadeira na Assembléia Legislativa, e, posteriormente, elegeu-se prefeito de João Lisboa, distante 12 km de Imperatriz.
Foi ele quem liderou a luta pela demarcação de limites entre Pará e Maranhão.
Além do que acaba de lançar, Sálvio publicou vários outros livros: Clarindo Santiago; Luzia: quase uma lenda de amor; Nas Barrancas do Tocantins; O Perfil Histórico do Rio Tocantins; Onde é Pará, onde é Maranhão?; Semeando Manhãs; Trilogia da emoção e Verde; Sertões e Vidas.
Depois de 20 anos pesquisando a vida de Parsondas de Carvalho – extraordinário jornalista que teve vida atuante também em Marabá e Belém -, Sálvio Dino trabalha no livro uma narrativa sobre as viagens a vários estados por onde o protagonista passou.
Em Belém, Parsondas foi redator do Correio Paraense, trabalhando em seguida com Rui Barbosa, no Jornal do Brasil, quando se mudou para o Rio de Janeiro.
Sálvio Dino esclarece – e deixa isso bem claro em Parsondas de Carvalho: um novo olhar sobre O sertão -, que o objetivo da obra não é tirar dúvidas de décadas sobre quem de fato escreveu O sertão. Ele nos remete a ricas informações resultantes de pesquisas aprofundadas em fontes documentais e orais, sobre a vida de Parsondas: o nascimento em Riachão, a infância e juventude, a morte, passando pela viagem a cavalo ao Rio de Janeiro, com o fim de denunciar os desmandos do governo do estado, e o processo a que teve de responder por suposto desacato a autoridades, que de qualquer modo eram reconhecidamente arbitrárias e corruptas.
Arnilson Assis
21 de junho de 2024 - 08:18Muito interessante o texto Mestre Hiroshi, belo presente para nós.
Tenho as duas obras: O Sertão e Parsondas de Carvalho e muita coisa me chamou a atenção.
Mas, fiquei curioso quando relata que Carvalho trabalhou com Rui Barbosa, no Jornal do Brasil, quando se mudou para o Rio de Janeiro. Gostaria de ver essa, não estou discordando, é apenas uma importante informação para mim.
Deus lhe abençoe.