Não tem nada de estranha a entrevista da governadora Ana Julia sobre o crash ambiental do estado, conforme interpreta a jornalista Míriam Leitão, de O Globo.
Estranho é a precarização do emprego diante da imigração destemperada. Porque, ao mesmo tempo em que se desfaz as instituições e os serviços de proteção social, destrói o tecido social, destrói as relações sociais, deixa as pessoas entregues a si próprias.
Estranho é o Pará continuar a assistir seu crescente processo de favelização que se difunde por todas as cidades do interior.
Estranho, sim, como diz Juvêncio, é o país ficar com o bonus e o estado com o ônus.
Nos últimos doze anos, as principais intervenções nacionais, em verdade, aumentaram a pobreza urbana e as favelas nos municípios paraenses, elevando a exclusão e a desigualdade e enfraquecendo a elite urbana em seu esforço de usar as cidades como motores de crescimento.
Quem diz isso são dados do IBGE. São os índices que medem a qualidade de vida das pessoas.
Em vez de serem um foco de crescimento e prosperidade, as cidades tornaram-se o depósito de lixo de um excedente de população que trabalha nos setores informais de comércio e serviços, sem especialização, desprotegido e com baixos salários.
A sociedade, ao invés de ser fonte de segurança e proteção para seus membros, retirou deles a fonte de sua sustentação, que é o trabalho.
Estes são resultados, bem palpáveis, evidentes, das políticas e da globalização neoliberal, que Mirian Leitão é uma das principais representantes na grande imprensa.