De um hotel localizado na av. Rio Branco até Ipanema, a distância não é considerável. Distante o suficiente para o motorista de taxi  externar todo o sentimento  carioquês  pela cidade, com a clara intenção de agradar o cliente.

O cliente, no caso agora contado, era eu.

De tão agradável o papo, não pude controlar a mania de gravar tudo o que  falava, no meu Black Barry, acionado discretamente para ele não perceber – e nem perder o foco.

Somente à tarde deste sábado, 26, um ano depois, fazendo um ISO 9000 no laptop chapado de gravações e fotos, casualmente deparei com o papo registrado.

Decidi transcrever o cenário descrito pelo carioca do morro da Providência, Armando, gente fina animadíssimo.

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Olha que dia lindo! Esse céu azul, esse mar. Olha o mar. Coisa bonita! Como brilha! Sente a brisa… Vou abrir a janela rapidinho, tá, doutor?! Olha só que maravilha… Ah! Rapaz! O Rio de Janeiro é lindo demais. Que clima, que lugar, onde a gente pode achar um dia assim? Me diz. O senhor deve ser viajado. Eu não consigo imaginar nada melhor. Mar, gente bonita, pássaros, paraíso. Que dia! Meu Deus! Sabe o que dá vontade de fazer? Parar o táxi e admirar o horizonte. Sem pensar em tempo, em dinheiro, em nada, doutor. Só parar e olhar. Sentir a brisa, sentir o cheiro da vida. A vida tem cheiro, doutor! Mas a gente nem percebe. Nossa! Como dá vontade de ficar só olhando para o dia. E ficar horas. Depois, com uma mulher bacana do lado, comer um peixinho no limão, tomar um choppinho, conversar, rir, namorar. Aí no fim do dia, um motel. Porque esse dia inspira, né?! Dá vontade de passar a noite inteira comparecendo, o senhor me entende?! Taí: bela idéia! Sim! E a patroa em casa que se f ….”

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NB: Gravado em março de 2010, por ocasião da ida ao Rio para conhecer as  instalações da indústria siderúrgica ThyssenKrupp CSA, no município de Santa Cruz.