Se não engana a memória um pouco “traíra” deste poster, o título acima denominava  a coluna esportiva que o saudoso  Edir Proença veiculava diariamente na Rádio Clube.  Sereno, ele atraía audiências, inclusive deste blogger, que tinha nele um dos seus ídolos do rádio, pela confiança transmitida em comentários durante acirradas disputas de Remo e Paissandu.

Bicolor de quatro costados – como se dizia -, jamais descobri por qual time Edir torcia, mas hoje temos a leve desconfiança de que ele amava o Remo e os Roling Stones.

O Flamengo, sim, era um amor declarado dele.

Fixadas , como recall, as imagens  de Edir, com seu bigode aportuguesado, fazem parte de um tempo gostoso da juventude deste escriba -, como adora usar o termo, Gerson Nogueira.

Neste Natal, as lembranças de Edir Proença fluíram ao link disponibilizado pelo  Quinta Emenda que nos abriu belíssima crônica de Edyr Augusto Proença, um dos filhos todos talentosos do velho Edir.

Ao recomendar o blog Opinião Não se Discute, deixamos a seguir  avant-premier de alguns temas abordados pelo filho de nosso ídolo:

 

Sobre a meia entrada

Ninguém vai conseguir mudar essa lei exdrúxula. É políticamente incorreto. Os jovens vão se revoltar. Os políticos, ao contrário, vão defendê-la até o fim. Os artistas que se fodam. Porque estudantes não pagam meia nas passagens de avião? Nos saquinhos de pipoca? Nos super mercados? Porque somente os poderosos, riquíssimos artistas abrem mão de metade do que têm a receber, por seu trabalho, para que outros fiquem bem? Afinal, alguém tem que pagar aos artistas e empresários do setor, os 50% recolhidos, não é? Meia entrada para todos! Mas alguém vai pagar isso, não? Meia conta nos postos de gasolina, já! Tudo isso gerou imensas distorções. Uma delas está nas leis culturais, federal, estadual ou municipal. 

Sobre o futebol paraense em ruína

Ao Paysandu, a série C. À Tuna, que segue na frente de seus adversários, parece nada mais restar, já que sequer para o campeonato estadual se classificou. As razões são muitas, mas sobretudo incúria, falta de clubismo, serenidade, bom senso e profissionalismo. O mundo se modernizou lá fora, o futebol tornou-se uma máquina de fazer dinheiro. Menos aqui. Quer dizer, para os clubes, claro. Há muita gente rica. Que se deu bem e ainda posa de grande benemérito.

Sobre Belém

Meu pai dizia isso, de Belém. É uma cidade difícil, despreparada para as mínimas exigências da civilização, sob um clima hostil para o ser humano, que o piora ainda mais. Não, pior que tudo são as pessoas. Talvez seja da nossa índole, a mistura do português com o indio. Essa desconfiança eterna. Esse não obedeço, faço do meu jeito, quando quiser e se quiser. E também esse enfeitar-se, gostar de dançar, cantar, fazer Arte e ao mesmo tempo, a dificuldade em aplaudir o outro, cantar seus heróis. Todos os que moram aqui sabem disso, mesmo os que não sabem que sabem.