Giovanni Queiroz (PDT) goza de conceituado respeito junto a repórteres que cobrem a Câmara Federal, e assessores econômicos de alguns gabinetes, devido à eficiente atuação dele na Comissão de Orçamento. O parlamentar paraense é considerado um dos mais abalizados conhecedores do manuseio, nem sempre bem intencionado de alguns, das dotações destinadas a cada Estado, tendo despontado para o cenário nacional ao descobrir, e denunciar, o roubo comandado pelo ex-juiz Nicolau dos Santos Neto, então presidente da Comissão de Obras do Tribunal Regional do Trabalho, de São Paulo.
Recentemente por três dias em Brasília, o poster jogava conversa fora na concorrida lanchonete do 10º Andar da Câmara Federal, quando ouviu relato de uma repórter da TV Câmara, contada ao centro de uma mesa para mais de quinze convivas, de um telefonema da então presidente do Supremo Tribunal Federal, Ellen Gracie, ao deputado Giovanni Queiroz, que se encontrava naquela hora ao lado de seus colegas da Comissão de Orçamento, definindo os últimos acertos para levar à plenário o Orçamento da União de 2009.
Antes desse telefonema da autoridade maior da Justiça Brasileira, repercutia em todos os gabinetes de Brasília, inclusive com entrevista do próprio parlamentar paraense àquela repórter da emissora estatal, decisão de Giovanni cortar pela metade previsão de R$ 260 milhões para a construção da sede do Conselho Nacional de Justiça, um suntuoso palácio em obras na capital federal, o qual, Ellen Gracie, também presidia, e fazia gestões junto a quem tinha poder de influencia para convencer Queiroz a não mexer na rubrica.
Testemunhado por mais de seis deputados da comissão, a delicadíssima – e bela – ministra do STF recebeu um não como resposta de Giovanni, além de puxão de orelha memorável:
– Ministra, mais um palácio a se construir…. Isso não pode, é um acinte à população pobre desse país. Infelizmente, se depender de mim, não altero esses valores que sugiro na Comissão de Orçamento. E está de bom tamanho.
Ficou do jeito que Giovanni relatou.
Val-André Mutran
19 de fevereiro de 2009 - 23:24Caro Hiroshi.
É uma questão de justiça. Refiro-me à Justiça Social.
Ao contrário desse desperdício de dinheiro público a satisfazer o insaciável apetite das Excelências a se abrigarem em Palácios cujo metro quadrado de obra é ― sempre ― os mais caros do setor de construção civil que se tem notícia no mercado. Há, ainda, a questão que o Conselho em questão reúne-se apenas uma vez por mês e, no Palácio em questão, será abrigado pouco mais que 150 servidores!
Faça as contas quantas casas populares o governo não construiria com essa verba?
E um melhor atendimento à saúde; mais empenho para a implantação efetiva de escolas em tempo integral: sonho do saudoso Brizola para tirar esse país desse estado de coisas em que se encontra. Detentor dos mais vergonhosos índices de alfabetização do Continente.
Nesse mesmo orçamento, a “paulistocracia” cochilou em parte, pois destaques supressivos (um mecanismo que exclui do texto a parte destacada) apresentado pelo deputado federal Giovanni Queiroz (PDT-PA), retirava do Rodoanel, em São Paulo, R$ 224 milhões.
Motivo: em razão do custo por quilômetro – R$ 40 milhões. “É alto demais. Tem de ter uma explicação para isso, mas o governo federal não aceita discutir nada”, declarou Queiroz, a época.
Mais. Algumas das obras bloqueadas e criticadas pelo TCU há mais de dez anos consecutivos, sem uma solução final foram palmilhadas pelo deputado federal Giovanni Queiroz (PDT-PA) que prega uma “punição severa” para empreiteiras reincidentes em safadezas e falcatruas. “Não adianta identificar a irregularidade contratual se não existe uma punição a essa empresa. A partir daí, começa a moralização do processo”, disse o deputado, que afirmou ter feito as primeiras denúncias contra a OAS “em 1992”.
Foram noites e mais noites de sono perdido no Gabinete, dele e da equipe para levantar esses dados. Lembra do volume da peça, amigo? Mais de 40 mil páginas!
Os R$ 224 milhões da obra que tem o km mais caro do mundo foi reposto no Plenário através da força da bancada paulista com incríveis 87 deputados em conchavo com outras bancadas. É o famoso “toma lá, dá cá”.
E assim se fez o mundo. E assim não se quer consertar o mundo ao nãos e permitir a criação dos Estados do Carajás e do Tapajós que aumentariam o poder da mirrada bancada paraense no Congresso Nacional.