O texto a seguir foi produzido pela Assessoria de Comunicação da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa):
Cientistas da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) e da Universidade de Bristol, preocupados com os efeitos que o plantio de espécies de árvores exóticas, isto é, plantas não nativas como o eucalipto (Eucalyptus), podem provocar em florestas nativas presentes no entorno dessas plantações, publicaram na última terça-feira, 7, um estudo que avalia as florestas plantadas com este tipo de árvore, na região do Jari, no estado do Pará.
O estudo mostra que as plantas não nativas podem influenciar a biodiversidade de florestas nativas e preservadas próximas a esses plantios, provocando o que os especialistas denominam “efeito de borda”, que são alterações que se concentram nas extremidades dos fragmentos de floresta, deixando-os expostos ao clima, parasitas e outros fatores biológicos e químicos que influenciam de forma negativa a vida das plantas.
A pesquisa revelou que os efeitos de borda, causados pelas plantações de eucalipto, podem alcançar até 800 metros para o interior das florestas nativas próximas a esses plantios. Para obtenção dos resultados, foram utilizados os besouros rola-bosta, espécie que apresenta papel fundamental nas florestas tropicais.
O manejo florestal e o desmatamento provocam efeitos influentes na floresta, que por anos são investigados, no entanto, pouco se sabia do perigo de plantas não nativas, e o impacto que elas causam nas florestas nativas.
A pesquisa demonstra que os efeitos de borda das plantações exóticas sobre a biodiversidade das florestas nativas variaram entre as espécies e tipos de métricas monitoradas. “As respostas dos besouros rola-bosta frente aos efeitos de borda dependeram das espécies investigadas. Por exemplo, encontramos maior quantidade de espécies sensíveis ao distúrbio distante das plantações de eucalipto, enquanto algumas espécies oportunistas aumentaram suas populações na proximidade das florestas plantadas”, ressalta Maria Katiane Costa, ex-aluna do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade da Ufopa e líder do estudo.
Os resultados também são importantes para a tomada de decisão e práticas de conservação na Amazônia.