Fazia tempo este poster não sintonizava uma estação AM de fora do Estado. Sem sono, nesta madrugada, o velho hábito construído nas noites amazonidas foi reativado. Com dificuldade, o dial firmou numa emissora do Nordeste que tocava somente músicas regionais. Que sensação prazerosa, querendo dormir sem conseguir, e o som da estação indo e vindo embalado pela voz de Luiz Gonzaga.
Rádio só presta ouvir do jeito que voltei a ouvir: chiadeiras, de repente o som vai fugindo, fugindo, parece não voltar, mas aos poucos vem, e com seu retorno passando a sensação de bem estar na alma.
Foi tão gostoso que preferi brigar com o sono quando ele ensaiou dominar os sentidos. Tava bom demais ouvir Gonzaga, Quinteto Violado, Jackson do Pandeiro xaxando “Sebastiana” (quem gosta vai ficar com inveja); e não sei quem entrou (voz de mulher, parecia Marinêz – os mais novos nem sabem por onde começar!) cantando “Menino de Braçanã”, da dupla Arnaldo Passos/Luiz Vieira.
“É tarde, eu já vou indo / preciso ir embora / até amanhã / mamãe quando eu saí disse: filho,não demore em Braçanã..”
Já era tarde. Ou cedo? E eu pensava estar no meio da mata às margens do rio Vermelho, debaixo de um barraco ouvindo o barulho de chuva caindo sobre a palha, enquanto da cozinha, iluminada por lamparina, vinha o cheiro inesquecível do café feito pelo pai João Bogéa.
O sono chegou e não ouvi o final de uma toada em ritmo de maracatu cantada também não sei por quem.
“Vai boiadeiro que a noite já vem / Guarda o teu gado e vai pra junto do teu bem…”
hiroshi
22 de julho de 2007 - 05:59Ah, menina…Tanta bondade sua. Fico feliz com sua presença no circuito pra relembrar aqueles tempos de tantas buscas e sonhos. Você seguiu a estrada com o talento maravilhoso que te disse tinhas logo que a via.
Beijos e abraços no João.
Bia
22 de julho de 2007 - 02:03Baby, vc não reviveu apenas a sensação que o rádio produz. Acho que foi um mergulho na alma, em tua alma de poeta que já te conduziu a tantos caminhos: as ondas do rádio da Tv. Esse prazer está na tua essencia que formou tantos apaixonados pela comunicação .Eu mesma que pude dividir com vc uma época tão feliz que foi participar de um projeto coordenado por vc que foi a Rádio Itacaiúnas. Depois disso, nossos caminhos ainda se cruzaram mas seguiram rumos diferentes. Mesmo assim, vc não deixou de ser pra mim o cara que sempre foi: uma figura humana que tenta constuir sua poesia e trova em cima no cotidiano ds vida .
Bia Cardoso
Anonymous
20 de julho de 2007 - 16:01Poxa, bom demais ler essa descrição de madrugada insone e a nostalgia da fase do rádio invadindo coração. Você esté sempre um pouco à frente. Bom ti ler.
Anonymous
20 de julho de 2007 - 13:03Eu gosto de ouvir rádio como voce descreveu, Hiroshi. Pior é que estamos ficando “cercados”pelas emissoras locais impedindo a sintonia das estações de fora. A única vantagem com isso é que as chiadeiras aumentam com a sequencia de ir e vir do som. E isso, como bem o disse voce, é que faz gostoso o Rádio.
Manoel Rocha Costa
Altamira