O resultado da pesquisa Datafolha sobre a sucessão presidencial acaba com dois mitos: 1) Marina Silva não é o bicho-papão de Dilma Rousseff, 2) a pesquisa do Ipespe para o PV feita pelo telefone não mostrava a opinião de todo o eleitorado ao dar a senadora à frente da ministra.
O Datafolha de domingo encontrou 37% de intenção de votos para José Serra (PSDB), e um empate técnico entre Dilma (PT) e Ciro Gomes (PSB): 16% e 15%, respectivamente. Heloisa Helena (PSOL) chega a 12% e está em quarto lugar. Marina ficou com apenas 3%, em quinto. O Datafolha entrevistou 4,1 mil eleitores (sinal de que fez pesquisas para governador também) e a margem de erro máxima é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
Por encomenda do PV, o Ipespe de Antonio Lavareda fez pesquisa pelo telefone em meados de julho com quatro cenários diferentes. Em um deles (com Serra e sem Ciro), Marina superava Dilma por oito pontos. Já no mesmo cenário divulgado pelo Datafolha, as diferenças são muito maiores do que um erro amostral permitiria: Serra 28%, Ciro 16%, Dilma 14%, HH 13%, Marina 10%, segundo o Ipespe.
Ou seja, em comparação ao Datafolha, a pesquisa encomendada pelo PV subtrai nove pontos de Serra e acrescenta sete para Marina. Os outros candidatos sofrem variações dentro da margem de erro. Entre as 4,1 mil entrevistas pessoais do Datafolha, um instituto independente, e as 2 mil entrevistas telefônicas do Ipespe, um instituto que trabalha principalmente para políticos, não é difícil imaginar qual deve estar mais próximo da verdade.
Em verdade, isso vem comprovar que pesquisa telefônica no Brasil não é capaz de medir a intenção de todos os eleitores, porque os mais pobres não têm telefone fixo e ficam de fora da consulta. E são eles que têm decidido as últimas eleições. É preciso tomar cuidado com a divulgação de pesquisas de intenção de voto neste período pré-eleitoral, em que os controles da Justiça são mais frouxos. Aumenta muito o risco de comprar gato por lebre.