O Estado do Pará lidera o número de internações por AVC (Acidente Vascular Cerebral) entre os estados da Região Norte.
Em 2023, até abril, de acordo com os dados federais, o Pará já registrou 1.837 internações por AVC, ou seja, 49,9% do total do Norte (3.681).
Em 2022, foram 5.315 casos no Estado, o que representa 51,9% das internações diante de um total de 10.223, somando os registros dos sete estados do Norte.
Na avaliação do neurologista Antônio de Matos, membro da Sociedade Brasileira de Neurologia, a crise de saúde global gerada pela covid-19 ainda tem influência sobre esses números.
Ele explica que, durante as ondas da pandemia, houve maior dificuldade de acesso à saúde, levando a complicações para outras doenças.
“Aparentemente, a Covid acelerou o processo de quem já tinha predisposição a ter um AVC, como pessoas com pressão alta, diabetes ou tabagismo. Pessoas deixaram de realizar o tratamento de suas doenças crônicas, em grande parte, porque tiveram dificuldade de acesso a tratamento que não fosse contra covid”, lembra o médico.
Com a o fechamento de vários espaços e o maior tempo de permanência em casa, muitas pessoas não só deixaram de fazer o tratamento de comorbidades como também passaram a aderir a hábitos ou desenvolver problemas que são fatores de risco para o AVC, conforme elenca Antônio de Matos: sedentarismo, alimentação rica em gordura, distúrbios de sono, problemas psicológicos e obesidade.
“Esses fatores não determinam o AVC, mas contribuem para ele. Entre as principais causas, nós temos a pressão arterial alta, o diabetes, colesterol elevado, o hábito de fumar, as coagulopatias, as causas genéticas e a anemia falciforme. Inclusive, este tipo de anemia é uma das principais causas de AVC em jovens, algo que tem crescido nos últimos anos”, explica o médico.