Alheia ao perigo que representa o esgoto a céu aberto correndo pela rua abandonada, a menina caminha silenciosamente dentro de uma blusinha azul e saia vermelha escura molhadas, usando sandálias havaianas.
O jeito de seu andar firme e apressado diz que ela tomava banho em algum igarapé próximo, como toda menina de sua idade gosta de fazer em cidades cercadas de águas.
Misturando imagem e som, de repente começo a cantarolar os Novos Baianos:
Vou mostrando como sou e vou sendo como posso.
Jogando meu corpo no mundo, andando por todos os cantos.
E pela lei natural dos encontros,
Eu deixo e recebo um tanto.
E passo aos olhos nus ou vestidos de lunetas.
Passado, presente,
Participo sendo o mistério do planeta.
De dentro do casebre suburbano, lentes atentas seguem a menina molhada de sonhos.