Marabá perde um filho ilustre, certamente um dos que mais lutaram pelo restabelecimento da democracia no país, em tempos sangrentos da ditadura militar.
Ademir Martins se foi para outro plano, depois de uma luta destemida contra a morte enfrentando o câncer.
Em vida, Ademir revelava-se uma pessoa pacata, calma, que transmitia serenidade com quem conversava.
Isto, no entanto, nunca foi comportamento que o impedisse de cair em campo no combate ao fascismo e em defesa da consolidação de direitos das pessoas.
Um exemplar pai de família que teve bênçãos do destino de ter duas companheiras, participando ativamente da militância política do parceiro
A primeira companheira, Albertina Moreira – carinhosamente chamada de Beta, com quem Ademir teve duas filhas, Luciana e Rita.
Anos depois de perder a mulher, que viria a falecer também vitima de câncer, Ademir conheceu Sheila, a atual companheira, com quem teve um filho, Ademirzinho.
De formação política de esquerda, Sheila Kaline acompanhou o parceiro até a hora da morte, sofrendo ao lado dele e de familiares, na vã tentativa de encontrar a cura para a doença que mais mata no mundo.
Ademir Martins foi fundador do Partido dos Trabalhadores em Marabá, e uma das primeiras lideranças políticas do Norte a fazer parte da caravana que o presidente Lula realizou na Amazônia, conhecendo os problemas do país.
Atualmente, presidente do PT no município, Ademir teve que se licenciar do cargo para fazer tratamento da doença, por longos anos.
Elegeu-se vereador por três mandatos, ocupou o cargo de secretário municipal de algumas gestões e chegou a atuar como consultor de algumas prefeituras da região.
Uma das virtudes mais encantantes de Martins era a sua preocupação com a gestão transparente nos cargos por ele ocupados.
Quem conheceu Ademir é testemunha de seu caráter firme e dos discursos que defendia – e mostrava na prática! -, contra atos de corrupção.
Foi político e gestor de secretarias sem nunca ceder um milímetro da firmeza de sua honestidade.
Ademir simbolizou a luta contra a ditadura militar, no período mais sangrento do golpe de 64.
Corajoso e destemido, ele se impôs morando numa cidade do interior, onde esses tipos de batalhas eram mais difíceis pelo fato de serem poucos, quase somente ele, tentando conscientizar a comunidade da proposta de luta pelas liberdades e redemocratização do país.
Pode-se cantar a canção do Chico ” agora eu era o herói e seu cavalo só falava inglês…”, para reafirmar o quanto Ademir viveu o lado lúdico ( dos sonhos) e real da vida, pregando a palavra da Paz.
Nessas horas, somente nos cabe AGRADECER a existência do AM nos anos que nos foram dourados e obscuros, mas tendo o Norte dele como estrada a ser seguida e copiada.
Valeu, companheiro!
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Nota do blog: a foto de capa deste post é muito significativa.
A imagem ficará marcada para sempre na memória deste blogueiro, por relembrar atos de Ademir Martins nas lutas contra a ditadura e por ações voltadas à construção de um mundo melhor, mais inclusivo e menos desigual.
Nas ruas, empunhando a bandeira das liberdades e contra os horrores do preconceito, da misoginia e da selvageria do mundo desigual.
A foto é a prova do legado deixado por ele: sentir no mais profundo dos corações qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo – a mais bela qualidade de um revolucionário.