Representantes de 24 Conselhos Regionais de Psicologia e Serviço Social seguem em uma verdadeira campanha de mobilização no Congresso Nacional.
O objetivo dos encontros com parlamentares de todos os partidos, e que vem ocorrendo desde a semana passada, é pressionar os congressistas pela derrubada ao veto aplicado pelo presidente Jair Bolsonaro ao Projeto de Lei nº 3.688/2000, que obriga a presença de psicólogos e assistentes sociais nas redes públicas do ensino básico.
O Congresso Nacional tem até o próximo dia 09 de novembro para analisar em sessão conjunta (Câmara e Senado), o veto publicado no Diário Oficial da União, no dia 09 de outubro.
A Câmara e o Senado já haviam votado pela aprovação do projeto em setembro, mas Jair Bolsonaro vetou o PL em sua integridade.
Desta forma, como estabelece os trâmites do Congresso, os parlamentares têm até um mês para apreciar o veto e votar pela sua derrubada ou mantê-lo.
Jureuda Guerra, presidente do Conselho Regional de Psicologia do Pará/Amapá, revelou que apenas os deputados do Partido Novo votaram contra ao projeto na época de sua aprovação, alegando que não apoiariam nenhum projeto que gerasse despesas para o Estado.
“Há um equivoco por parte do partido, que aparentemente não leram o Projeto de Lei ou não prestam atenção ao que votam”, criticou.
Mas a comitiva, entre elas a representante do CRP-PA/AP, Eunice Guedes, conversou com a deputada federal Adriana Ventura (Novo-SP). “Ela ficou de analisar o PL e apresentar sua avaliação aos demais integrantes do partido na Câmara Federal para a nova votação”, assegurou a presidente do CRP.
“Despesa” – A justificativa da bancada do Partido Novo foi a mesma apresentada pelo presidente Bolsonaro para o veto. Após consulta a órgãos federais, avaliou o PL como “despesa” por não apresentar uma fonte de recursos e seus impactos no orçamento da União para a sua implementação para vetá-lo.
Eunice Guedes reitera seu posicionamento a essa argumentação do Governo Federal. “Não podemos ver um projeto dessa importância como uma despesa, mas sim como um investimento futuro para nossa sociedade”, defendeu.
Pressão – As possibilidades pela derrubada ao veto são grandes, uma vez que a maioria das duas casas havia votado pela sua aprovação, devido aos amplos benefícios que o projeto traz para os estudantes de escola pública.
E em meio ao turbilhão político que tomou conta de Brasília nos últimos dias, sem o apoio de grande parte do próprio partido, a pressão dos conselhos regionais e de diversas entidades ligadas a Psicologia e Serviço Social, o veto do presidente Jair Bolsonaro poderá ser revogado no dia de sua apreciação.
Importância – O Movimento dos Psicanalistas pela Democracia, em carta aberta, ressaltou a importância da aprovação do PL 3688.
No documento destacam a escola “como um espaço promotor de vida e de socialização e também um lugar privilegiado quanto às possibilidades de acolhimento e cuidado das manifestações do sofrimento psíquico, dos sintomas, da ideação suicida, dos impasses da sexualidade e dos laços sociais de crianças e adolescentes, os quais podem se expressar como entraves ou dificuldades na aprendizagem e no convívio social”,
A presença de assistentes sociais nas escolas também foi defendida na carta. “A escola é o local em que através da criança e do adolescente, se pode detectar situações familiares que necessitem das mais diversas formas de auxílio, seja no caso de pobreza extrema, vulnerabilidade social, fome e outros agravos próprios a um país com extrema fragilidade e desigualdade social”.
A mobilização segue até o dia da votação no Congresso Nacional.
Os conselhos federais e entidades que lutam pela derrubada do veto, criaram uma hashtag, #DERRUBAVETO37, para alcançar apoio dos internautas nas redes sociais.
Também foi disponibilizado um link no site do Conselho Federal de Psicologia, com apoio do Conselho Federal de Serviço Social, para que o internauta envie mensagens diretamente aos parlamentares de sue estado, para pedir a derrubada ao veto presidencial. (Texto: Márcio Sousa Cruz.)