Foi deprimente – pra não falar em vergonhosa cena.

Além de causar constrangimento a quem se encontrava na sessão do Conselho de Ética, a postura do senador paraense Mário Couto (PSDB) defendendo a legalização do jogo do bicho causou indignação à maioria de seus colegas que discutiam a abertura do processo contra Demóstenes Torres.

Coincidentemente, durante a sessão na qual o senador exibiu mais uma de suas performances destrambelhada, o poster assistia a TV Senado e sentiu-se envergonhado do Pará ter um representante da dimensão musga de Couto.

A repercussão hoje, no país, como se esperava, não foi das melhores.

– Se isso é liberado, por que os outros jogos não são? Corrida de cavalo no Brasil é liberado. O Senado precisa fazer isso, abrir o debate. A quem compete fiscalizar a contravenção?

A frase acima, de Mário Couto, proferida na sessão do Conselho de Ética,  está sendo reproduzida nas redes sociais, no exato momento em que o Secretário de Segurança do Rio de Janeiro, o insuspeito José Mariano Beltrame,  critica  a legislação penal, que tipifica o jogo como contravenção e não crime, depois do Supremo Tribunal Federal ter autorizado a libertação de 20 acusados de envolvimento com o jogo do bicho no Rio de Janeiro.

 

Beltrame soltou toda a sua indignção a uma entrevista a Globo News, na tarde de ontem:

 

“É muito desgastante para as polícias e para a sociedade ver esses criminosos sendo presos várias vezes e, depois de algum tempo, eles conseguirem de volta sua liberdade para cometer novos crimes. Se o (jogo do ) bicho  e a milícia forem tipificados de forma clara e direta no Código Penal, todas as polícias do Brasil terão muito mais agilidade e eficiência na prisão de bicheiros e milicianos. E, depois de presos, esses criminosos não terão tanta facilidade para conseguir sua libertação pelas vias legais, como vem acontecendo há anos”.

 

Disse mais ainda, o corajoso secretário:

 

–  “A Secretaria de Segurança e as polícias Civil e Militar (do Rio) continuarão seu esforço para combater e enquadrar legalmente o jogo do bicho e outros crimes normalmente realizados pelos bicheiros, como contrabando, jogos ilegais de caça-níqueis, extorsão, formação de quadrilha, manipulação dos resultados dos sorteios, ameaças e violências físicas contra inocentes e até assassinatos”.

 

Enquanto lá dentro do Congresso Nacional, um paraense nos representa concedendo entrevistas, depois da sessão do Conselho de Ética, reforçando sua disposição pela legalização do jogo do bicho, de forma bem explícita:

 

 

Legaliza, põe um fundo pra futebol, para os pobres, para saúde. Cobra imposto dos caras, eles tão ficando ricos e não pagam um tostãopara o Estado. Se for pegar o Brasil inteiro, quantos bilhões de reais circulam? Você faz uns 300 hospitais de grande porte a cada semestre. Essa é a moralidade que falta no nosso país. Nós somos uns falsos moralistas. Não é só o Demóstenes, não.  Se o Demóstenes fosse só envolvido com o Cachoeira sem que tivesse recebido nada do Cachoeira, eu não ia penalizar o Demóstenes. Por ele ser amigo do bicheiro? O meu voto tá definido porque ele pegou dinheiro do bicheiro, se envolveu com a Delta, pegou dinheiro de tudo.

 

É esse o senador que o povo paraense colocou o Congresso Nacional.