Há aproximadamente um ano iniciava-se o plantio experimental de cacau na Fazenda São Sebastião, a 54 km distante de Marabá, de propriedade do empresário Reinaldo Zucatelli, diretor do Grupo Zucatelli.
À época, o blog registrou o início dos estudos para a execução do projeto piloto.
No último sábado, Reinaldo visitou a área onde está investindo no projeto piloto.
“Por enquanto, trata-se de uma experiência, mas os resultados demonstram a viabilidade econômica de desenvolver o plantio de cacaueiros na região, e, se isso se confirmar, será mais uma opção, principalmente para os pequenos e médios agricultores paraenses residentes no Sudeste do Estado”, explica Zucatelli em conversa com o blogueiro.
A boa notícia é que o experimento de Reinaldo Zucatelli está indo no rumo certo.
E quem pensa que o empresário tem preocupações em investir pesado na cultura cacaueira, não é bem assim.
“Eu fico imaginando essa nossa região com suas 300 mil famílias de assentados em áreas do Incra… Calcule se cada família plantar no mínimo 5 hectares de cacau; a soma disso no final das contas é algo extraordinário: 1,5 milhão de áreas cultivadas de cacau. O Sudeste do Pará seria transformado numa potência cacaueira, e as famílias de assentados ganhariam qualidade de vida com a distribuição de renda proveniente da comercialização da cultura”, idealiza Reinaldo.
Tão logo o projeto piloto da Fazenda São Sebastião esteja produzindo o fruto, Zucatelli convidará assentados a conhecerem a plantação.
“Nós precisamos incentivar o plantio do cacau aqui no Sudeste do Estado. Quem me conhece sabe que valorizo muito esses tipos de iniciativas. Todos ganharemos com essa nova cultura, principalmente espalhada nas áreas de assentamentos, que pode chegar a produzir até 2,5 mil quilos por hectare, como já ocorre na Rodovia Transamazônica, mais precisamente no município de Medicilândia, com a predominância de milhares de pessoas da Agricultura Familiar desenvolvendo a cultura do cacau”, sonha Reinaldo Zucatelli.
Que vai além em suas explicações.
“No contexto da oferta e demanda da produção mundial de cacau, o Brasil, atualmente, apesar de produzir amêndoas secas de boa qualidade, como vemos na Fazenda Panorama , em Medicilândia, é ainda um país importador. O desafio para fazer o Brasil retornar à condição de autossuficiência na produção de amêndoas secas de cacau passa pelo aumento da produtividade da lavoura e pela quebra de paradigmas, tais como o cultivo do cacaueiro em novas fronteiras agrícolas”, analisa o diretor do Grupo Zucatelli.
Outra observação oferecida por Zucatelli refere-se aos métodos de plantio.
“O plantio do cacau pode ser feito em mata fechada, por causa do sombreamento necessário ao bom desenvolvimento do fruto. Isso é excelente para o agricultor familiar usar a sua reserva florestal, plantando no seu interior. No projeto piloto que estou fazendo na fazenda São Sebastiao usei o plantio de mudas do cacau entre plantações de banana e mandioca, para criar sombreamento às mudas cacaueiras”, conta.
Na visão de Reinaldo, todos ganhariam com a transformação dos assentamentos em polos cacaueiros, porque os municípios teriam famílias com mais recursos para movimentar o comércio.
– “Imagine se os governos decidam incentivar as famílias de assentados distribuindo sementes de cacau e oferecendo assistência técnica para produtores dos municípios do Sul e Sudeste do Pará, não tenho dúvida de que seriamos um imenso polo da cultura, além de que plantar cacau, nas áreas de assentamento, seria garantir a chamada sustentabilidade da propriedade”, comenta o empresário.
Em suas observações, Zucatelli cita o exemplo do assentamento Tuerê, próximo a Novo Repartimento.
– “Tuerê é um dos maiores assentamentos de pequenos produtores rurais da América Latina, com mais de 3 mil famílias assentadas. O plantio de cacau virou uma cultura do PA, que tem gerado desenvolvimento econômico aos seus proprietários com o surgimento de pequenas florestas produtivas graças ao manejo de milhares de pés de cacau plantados em cada lote, despontando a técnica de manejo com sombreamento, ou seja, o uso de árvores nativas para sombrear o pé de cacau, melhorando a produtividade do fruto e restaurando áreas desmatadas anteriormente”, cita o empresário.
É do cacau que se faz o chocolate através da moagem das suas amêndoas secas e moídas em processo industrial ou caseiro.
Outros subprodutos do cacau incluem sua polpa, suco, geleia, e sorvete.
Segundo Reinaldo Zucatelli o cacaueiro começa a frutificar com dois anos, produzindo normalmente a partir do quarto até os 80 anos após plantio.
“A lavoura do cacau permite a fixação das famílias no campo e torna a propriedade rural mais viável economicamente”, conclui.
João Dias
2 de junho de 2021 - 22:12NO PARÁ, SE PLANTANDO DÁ!
Caro Hiroshi,
Em 1974, trabalhei como auxiliar administrativo na ACAR/PA, depois passou a ser denominada de EMATER, ao longo da Transamazônica, na Agropólis de Itupiranga, Bacuri, Repartimento e Aratau.
Na oportunidade, foi implantado programas de governo, voltados para a agricultura permanente, no caso, o cacau, a pimenta do reino e o café.
O procedimento técnico para escolha do lote e do colono, tinha como base, a análise do solo.
Caso o resultado laboratorial fosse aprovado, eram fornecidas as mudas e prestada toda a assistência técnica para o preparo da terra, bem como financiamento bancário.
Infelizmente, na época, muitos colonos não conseguiam dar prosseguimento aos projetos, face a malária que era abundante acamava a todos. Eu, inclusive, fui acometido por duas vezes.
Tenho conhecimento que, a tentativa não foi bem sucedida, mais em razão da Transamazonica, que continua a mesma e, da mudança de atividade agrícola para pecuária.
As sementes foram plantadas. Acredito que o solo e a tecnologia estão disponíveis.
Boa sorte, muitos frutos, grandes colheitas!
João Dias Aragão
Tijuca/Rio
Sds marabaense!