Direto da Aldeia Kayabi, o blog recebe mensagem de Taravy Kayabi, uma das lideranças tribais mais combativas, comunicando a apreensão de sete servidores do governo, feitos reféns esta tarde, para obrigar a União a mandar representantes discutir com os indígenas as condicionantes exigidas para a construção da hidrelétrica de Teles Pires.
A seguir, a mensagem explítica, sem tambores nem fumaça, emitida da Terra Indigena Kayabi:
Sou Taravy Kayabi, liderança indígena da Terra Indigena Kayabi, e estou enviando essa mensagem para pedir a ajuda de vocês para divulgarem uma medida que tomamos para que pudéssemos ser escutados. Como deve ser do conhecimento de voces estamos sendo atropelados pelo governo que pretende construir várias barragens no entorno de nossa terra. Temos aceitado fazer parte dos estudos e estamos sempre conversando com os empreendedores e Funai para que a gente saiba os impactos que causarão em nossa vida. Mas estamos sendo sumariamente desrespeitados. Já estamos vendo a barragem de Teles Pires ser construida e até agora, mesmo após a licença de Instalação nenhum programa nos foi apresentado. Mal pudemos saber melhor desse processo e agora o governo quer fazer audiência pública de São Manoel sem que os estudos na terra indígena tenham terminado. O próprio antropólogo nos contou que tem somente uma semana para apresentar o estudo. Por isso tomamos a decisão, junto com as lidearnças Apiacá e Munduruku de segurar em nossa aldeia quatro representantes da Funai, dois de Brasília e dois coordenadores técnicos, dois representantes da EPE e o antropólogo responsável pelo estudo até que o governo venha em nossa aldeia para conversar. Tudo tem sido muito acelerado para construir essas barragens e nossas principais reivindicações não tem sido atendidas, como a demarcação de nossa terra, acompanhado do MPF. Dissemos não a essas barragens e queremos que essa audiência não aconteça com a pressa que o governo quer. Seria muito importante que a imprensa soubesse dessa nossa ação e pedimos para que eles venham acompanhar nossa reivindicação e para que tudo aconteça de forma pacífica.
Telefone da aldeia para contato: 93 – 4400 7830
Taravy.
karla Maues
19 de outubro de 2011 - 20:54Carissima, aqui de Santarém , quero solidarizar-me com sua luta pela preservação de suas terras e de seu povo .
Infelizmente contra o poder econômico nao existe vitória.
Aqui em Santarem há uns tres anos atras, uma equipe multidisciplinar das USP, UNB e UNICamp estiveram estudando os impactos ambientais e sociais , que a pavimentação da Rod. 163 teria sobre nossa região.
E os resultados foram dramáticos. Aumento da invasão de terras, aumento de casos de pedofilia, aumento da prostituição infatil, educação, saude e infraestrutrA insuficiente pro exodo que ocorre pra essa região.
Toda essa pesquisa valeu de nada, porque, quem mora aqui, nao quer saber das tragicas consequencias do progressso.
Todos so pensam na sua conveniência.
No caso de belo Monte, Altamira ja vive o caos, mas o “crescimento” da cidade compensa quaisquer problemas que estejam enfrentando.
Belo MOnte é outro exemplo. Em nome do progressso, não importa que os nativos e toda aquela regiao sejam destruídos. O que vale sao os milhoes que serão desviados destas obras bilionarias. E o povo? Este , inconsciente e hipnotizado pelo pseudo progresso, continuará cego, surdo e mudo.
Fique em paz e prometo repasssar teu protesto por todos da minha lista de amigos.