Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá desse quintal
Era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no meu mundo
Sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim
(Sivuca–Chico Buarque)
Sou obrigado a parar tudo, em pleno meio-dia desta sexta-feira (15) para prestar minha homenagem a Sivuca, um dos poucos ídolos que ainda preservo da música brasileira – inclua-se aí também João Bosco. Tomei um susto quando me disseram da morte dele em João Pessoa, aos 76 anos.
Antes de sentar-aqui aqui diante do laptop quis ouvir o CD “Terra Esperança” onde o mestre do acordeom se encontra magistralmente com seu ídolo Valtinho do Acordeom, também paraibano, e mostram a versatilidade instrumental nos foles dos sete ou 120 baixos tocando juntos pela primeira e única vez, “De Bom Grado”, composição de Sivuca e Glória Gadelha, obra que deu a ele o Prêmio Tim de Música de 2005 na categoria de melhor arranjador.
Ouço de olhos fechados, e viajo no tempo imaginando como esse inigualável sanfoneiro (instrumentista ou compositor) contribuiu para alçar a música nordestina às salas de conserto do mundo inteiro, se apresentando nos Estados Unidos, Europa e Ásia, com a mesma simplicidade com que soube consagrá-la nas feiras de mangaio e nos pés-de-serra deste Brasil-de-Meu-Deus.