Um estudo recente efetuado pela FIEPA- Federação das Indústrias do Estado do Pará – apresenta números que impressionam, a respeito da expectativa de investimentos no estado.
Para o cenário de 2010 a 2014, documento estima investimentos da iniciativa privada em torno da casa dos U$ 50,5 bilhões com geração de cerca de 117 mil empregos. Desse montante, U$ 31,1 bilhões e 62 mil empregos seriam aplicados no Sul/Sudeste do estado, com destaque para o município de Marabá onde se prevê aplicação de U$ 6 bilhões e respectivos 25 mil empregos gerados.
Enriquece o estudo, uma listagem considerável dos empreendedores que compõem o universo de números anunciados, além de outra listagem de projetos em estudo e em fase de pesquisa de importância singular. Destaque merece ser feito à natureza dos investimentos, em sua quase totalidade ligada à mineração, e que seguem no cumprimento de seu cronograma dentro da normalidade.
Evidente fica que a vocação de fato da região é a mineração. Na capacidade de evolução desse segmento está ancorada toda uma expectativa sócio-econômica da região, portanto, justo se faz dedicar toda a atenção para o quadro.
Dizem que um dos elementos que a história proporciona é a condição de aprender com os erros passados para não repeti-los. Muitos são os casos de municípios, objeto de implantação de projetos minerais em passado recente, que por falta de visão e planejamento dos seus administradores, tiveram sua condição de desenvolvimento comprometida. Pior: amargou mazelas significativas.
Nos Estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Macapá, e Pará, muitas cidades poderiam ser nominadas como exemplo de ocorrências do gênero.
Tais acontecimentos têm pouca probabilidade de voltarem a ocorrer. Há um olhar mais atento da sociedade civil exigindo de governos e empreendedores uma atenção sistemática para os desdobramentos desse processo. A responsabilidade social dos empreendedores e a obrigação dos governos de pensar a diversificação da base produtiva como forma de sobrevivência, são elementos essenciais na discussão.
Marabá e região vivem essa realidade. Ao longo do tempo a região consolidou um passivo social considerável. O que oportuniza a condição de reverter essa realidade é exatamente o volume de empreendimentos que iniciam seus processos de implantação. Para tanto é necessário medidas imediatas, que devem ser pensadas e operacionalizadas por toda sociedade.
A identificação de novas vocações econômicas nos municípios, uma política de atração de investimentos periféricos ao, digamos, investimentos de base anunciados no estudo da Fiepa, são vitais para que a ampliação da base produtiva aconteça de fato.
Na atividade diretamente ligada a indústria de base já instalada, tem-se a condição de instalação de um pool de empresas da atividade metal-mecânica. Pequenas indústrias de transformação dos produtos disponibilizados no processo de laminação também devem ser alvo do movimento de atração de negócios.
Na esteira da diversificação, a área de serviços é um atrativo interessante. Como exemplo, Marabá já apresenta como característica na atividade comercial, a prestação de serviços.
Seria interessante, senão fundamental, tornar a cidade em centro de referência na prestação de serviços. Um exemplo é sair dos desafios demandados nas áreas de Saúde e Educação, para a condição de, dentro desse olhar, tornar a cidade de Marabá em centro de referência nesses serviços.
Os vários empreendimentos estarão a exigir mão-de-obra qualificada e a necessidade de fixação do profissional, colaborador, no local do empreendimento. Esse contexto, por si, justificaria a priorização de investimentos na educação, sem necessidade de mencionar tantos outros que justificam a importância do tema.
UFPA, UEPA, IFPA, METROPOLITANA, SESI-SENAI, entre outros centros de formação, já indicam a condição da cidade como potencialmente pronta para alçar um voo mais agressivo na busca por referencia como centro de formação de mão de obra especializada.
As reconhecidas carências no setor de saúde pública é outro quesito que pode, priorizado, ser transformado em referência. Um desafio, mas plenamente possível.
Transformar Marabá em centro de medicina especializado é outro caminho potencializado, através do estímulo a empreendimentos privados do setor. Nesse contexto, há aliados que alimentam interesse empreendedor em virtude da necessidade estabelecida.
Para exemplificar, tome-se como exemplo o processo que transformou a cidade de Teresina-PI em centro de referência em saúde. Aqui ao lado, no Estado do Tocantins, temos Araguaína robustecendo sua atuação nesse sentido.
A verdade é que esse boom que se anuncia e já se evidencia na região, requer de todos e, principalmente dos agentes públicos, a necessidade de planejamento conjunto. São investimentos que contemplam toda região, como abordado no inicio deste texto.
Assim, uma forma racional de perseguir resultados que contemple o todo, seria o planejamento e ações combinadas. Certamente o reflexo seriam respostas num tempo adequado, para os problemas mais prementes que afligem as comunidades locais. Gestores públicos das cidades de Marabá, Parauapebas, Canaã dos Carajás, Eldorado, Curionópolis, Ourilândia, Tucumã dentre outras, poderiam reproduzir a iniciativa tomada na região do Alto Paraopeba, em Minas Gerais -, formada pelos municípios de C.Lafaiete, S.Brás do Suaçuí, Belo Vale, Ouro Branco, Jeceaba e Entre Rios -, que formaram um Consórcio Público para o Desenvolvimento do Alto Paraopeba(Codap).
Juntos, os municípios estabeleceram a chamada Agenda 21 Mínero-Siderúrgica de Congonhas e Alto Paraopeba, no bojo da qual planejam e perseguem os resultados de metas estabelecidas para garantir a sustentabilidade e a condição de desenvolvimento da região.
Uma pequena amostra dessa ação pode ser verificada nos objetivos estratégicos delineados;
1-Adequar a infraestrutura urbana de acordo com a demanda de crescimento da região
2-Agregar valor e adensar a cadeia produtiva do ferro e aço
3-Ampliar e divulgar a política de incentivo às micro e pequenas empresas
4-Atrair e apoiar novos investimentos utilizando os recursos logísticos, hídricos, energéticos e de telecomunicações
Como observam, há extensa listagem de objetivos, cujo resultado certamente será objeto de melhoria nos indicadores que mensuram as condições da qualidade de vida das comunidades envolvidas.
O momento adequado para iniciar a busca incessante pela condição de cidade que queremos para os próximos anos é agora.
Os investimentos anunciados, já estabeleceram um processo de crescimento. Agora, aliar esse crescimento que não se tem o efetivo controle, ao desenvolvimento que queremos para a região é o grande desafio de todos.
(*) – Itálo Ipojucan, Empresário / Presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá
Fabiano Rodrigues
23 de março de 2011 - 11:35O problema é que, já mais a FIEPA iria dizer em uma região onde o estado dá para grandes empresas, terrenos, isenção fiscal e repressão para o povo, seria ruim de investir. Agora ninguém publica os números de uma pesquisa sócio econômica ao qual o IDESP-PA aponta que mais de 40% da população de Marabá vive abaixo da linha da pobreza.
Mas é bonito falar de desenvolvimento sem conhecer o outro lado que ele também produz.