Indígenas da Terra Mãe Maria, localizada na interseção do município de Marabá e Bom Jesus do Tocantins, interditaram uma parte da ferrovia Carajás desde domingo (10), linha férrea que conecta as cidades do Pará ao Maranhão.
Os participantes do protesto afirmam que a mineradora Vale excedeu seus limites de operação e invadiu aproximadamente 500 metros que pertencem à Terra Indígena. Segundo os líderes indígenas, a proibição permanece em vigor até que uma solução permanente seja alcançada entre a comunidade e a companhia.
Os nativos montaram cabanas no ponto de interdição, localizado entre as cidades de Bom Jesus do Tocantins e Marabá, ambas na região sudeste do estado. Além disso, está em andamento a construção de estruturas de madeira na área.
De acordo com o coletivo, o local onde a empresa de mineração edificou a ferrovia é crucial para a sobrevivência das 32 comunidades presentes na área. As demandas surgem desde a época da construção da ferrovia, na década de 1980, quando a Terras Indígenas foi oficialmente reconhecida, em 1986, para acolher quatro nações indígenas.
O Ministério Público Federal (MPF) divulgou em comunicado que está com um procedimento em vigor para monitorar o processo de licenciamento da obra de duplicação da Estrada de Ferro Carajás, na parte que passa pela Terra Indígena Mãe Maria.
De acordo com a entidade, será conduzida uma avaliação técnica tanto ambiental quanto antropológica, com o intuito de detectar os efeitos gerados pela criação da estrada de serviço e pelo desmatamento promovido pela Vale, além de calcular a compensação financeira apropriada pelos danos causados.
O MPF anunciou que remeteu ofícios à Vale, solicitando explicações sobre o processo de abertura da estrada e seu uso, além de pedir informações sobre a existência de medidas de mitigação e/ou compensação previstas no licenciamento ambiental em relação aos impactos gerados pela construção da via.
Os povos indígenas relatam que estão esperando há mais de um ano uma resposta da empresa a respeito da ocupação do território. Eles exigem uma modificação na rota da ferrovia ou uma compensação em terras, com a compra de áreas semelhantes nas proximidades.
A ferrovia abrange uma extensão de 892 km e encontra-se completamente inoperante, conforme informações da Vale. O serviço de trem de passageiros conecta 27 cidades em uma jornada que dura 16 horas, acomodando aproximadamente 1.300 viajantes diariamente. Além desse, outros 60 trens transitam pela ferrovia todos os dias, transportando combustíveis e minério de ferro.
Devido à interdição, a recomendação é que os viajantes façam a remarcação do ticket ou peçam o reembolso da passagem dentro do prazo de 30 dias.
“Foram realizados relatórios técnicos sobre a ocupação […]. Estamos dialogando com os proprietários das terras. Essa é a nossa demanda. Não iremos nos retirar até que tudo esteja solucionado“, afirmou o cacique da aldeia Parkatejê, Kate Parkatejê.