A manchete do Diário do Pará deste domingo desnuda bandalheiras e safadezas tramadas em bastidores da classe política, particularmente entre membros de cúpulas partidárias. As acusações consistentes contra os deputados estaduais Luis Cunha (PDT) e Adamor Aires (PR) e o vereador Nilson Paulino (PSL), de Viseu, consubstanciadas a partir de uma gravação feita por outro vereador do mesmo município, Paulo Barros (PDT), formam escândalo de dimensão nacional a merecer toda a atenção da mídia e, principalmente, das autoridades.
Um resumo da pocilga:
1- Luis Cunha, ao forjar o documento que poderia salvar a pele do vereador Nilson Paulino por infidelidade partidária, além de praticar crime contra o patrimônio e fé pública, revela com todas as letras o nível de descaramento no comportamento de determinados deputados estaduais, que no rastro de seu atos criminosos transformam a instituição do Legislativo numa casa imunda, historicamente mal-cuidada em se tratando de ética e honestidade.
2- Alguns trechos da fala de Luis Cunha, na gravação reproduzida pelo Diário:
– A gente sabe que é com data retroativa, mas na hora que for apertar.. não é aquela data. Ela confirmou até temerária. (Ao revelar que a ex-deputada Eulina Rabelo assinou documento com data retroativa para salvar o mandato o Zeca Potinho, verrador em Augusto Correa, município base-eleitoral do deputado)
– O Adamor (Aires) com base nisso, pode até me atrapalhar, não com o voto dele, mas porra, porque lá na Assembléia há muito isso, corporativismo.
– Então fala para o advogado, sei lá quem é, que o deputado Luis Cunha tá construindo a trajetória dele para conselheiro. (…) Realmente, o Adamor pediu. Eu fiz (o documento falso). Foi uma questão de gentileza. (Confirmando sua pretensão de chegar a conselheiro de tribunal com o apoio de Adamor Aires, deputado que pediu a Cunha a falsificação do documento sob compromisso de apóia-lo na disputa por uma vaga do Conselho).
3- Grave, também, a disposição de Luis Cunha procurar o presidente estadual do PDT, deputado federal Giovanni Queiroz, para intermediar a assinatura deste para o novo documento a ser falsificado em defesa de Paulo Barros, acusado de cometer irregularidades e com risco de ser expulso do PDT. Giovanni o assinaria? A simples intenção confessada de Cunha de subtrair de seu presidente documento criminoso não justifica, por si, sua expulsão da legenda?
E agora?
O que dirão os nobres e sempre solidários colegas deputados estaduais de Luis Cunha e Adamor Aires?
O Tribunal Regional Eleitoeal segurará à exaustão o julgamento da ação impetrada contra os parlamentares?
Como poucos duvidam de que a história se repetirá, a Justiça e o Legislativo se afogarão, moralmente, em mais um chiqueiro formado por expressivos agentes da classe política paraense.
Anonymous
3 de março de 2008 - 01:55Conforme comentário e posterior pergunta deste blog, sobre a conduta do Deputado Giovanni Queiroz, não tenho dúvida que ele jamais iria ser cúmplice de fato tão grave, digo isso, baseando-me em seu passado e presente limpo e transparente, o que me deixa horrorizado é a cara de pau de Luís Cunha em pensar em fazer um pedido deste ao Presidente de seu partido.
Gustavo Ganthfer
2 de março de 2008 - 22:07É isso mesmo, Bogéa! Você não vê o auditor Erlindo Braga, querendo por todos os meios alimentar, chegar e inflar seu ego com sua sanha de ser conselheiro do TCE. Usa documentos que não condizem com a realidade e legalidade para ser empossado no cargo, e para isso tem beneplácito de vários deputados. E mais grave, da própria governadora, que envia documento fora das formalidades legais para Alepa. E vem alguns deputados, inclusive a deputada Regina Barata, falar bem do indicado. Péra lá! a deputada votou contra o mesmo no ano passado na reunião da CJ, ratificando que não preenchia requisito legal no que concerne a idade-limite.
Não vejo diferença entre assinar com data retroativa um documento legal, ou omitir a realidade dos fatos. Coisa que o Erlindo fez em plena tribuna da Alepa.
Aliás, da qual ele falou cobras e lagartos, mais ainda de seu presidente usando várias palavras ameaçadoras, injuriosa e caluniosas. É só checar seu pedido de desculpas no plenário do TCE, publicado em toda a imprensa. Já pensando em sua indicação, promessa de Ana Júlia Carepa.
Não ponha em dúvida o conhecimento de Erlindo, mas questiono seus escrúpulos.
Anonymous
2 de março de 2008 - 19:24Vai, fala aó que o “deputado Luis Cunha tá construindo a trajetória dele para conselheiro…”
Não importa como. Falsificando documentos ou raticando todo tipo de crime. Os escrúpulos que se enterrem, o importante é levar vantagem e ser conselheiro do TCM, para acobertar mais sacanagens.
O pior é que vai ficar por isso mesmo. Só quem pode nos livrar desses malandros somos nós mesmos através do voto.