Intitulando-se historiador que acompanha as ações do MST “há muito tempo”, Leonidas Mendes Filho refuga post que aponta corrente do PSol integrada ao MST, responsável pelo recrudescimento dos conflito agrários no Sudeste do Estado.
A nota do blog, claro, baseada em depoimento de importante membro do MST, foi recebida com indiganada manifestação do comentarista, cujo teor vem “pra fora”, conforme segue:

Hiroshi…

espero que, em respeito a liberdade de opinião, voce publique este breve comentário. Mas, ou voce, ou quem lhe informou, está faltando com a verdade quando se trata da mobilização do MST aqui, na região sudeste do Pará. Primeiro, a tese do admirável gado novo, isto é, que o povo é sempre conduzido, que é preciso alguém mais alto pra lhe guiar, é preconceituosa e trata nosso povo como gado pra ser tocado. Devo lhe dizer que, como historiador, um dos méritos do MST foi ter escapado a esta lógica e primar pelo debate e pela opinião de todos os seus membros; seus líderes não são “novos Düces”, são pessoas comuns e discutem tudo com os participantes, da segurança à saúde de seus assentamentos/acampamentos. Segundo, um eterno problema de quem não vem viver de perto o movimento de luta pela terra no Brasil, quando não tenta a criminalização (a tese da invasão de propriedade, diga-se de passagem, nem os fazendeiros crêem mais nela, pois, há muito o MST só promove ocupação em grandes fazendas sabidamente grilhadas vez que não querem aumentar o desgaste natural junto a opinião pública e sabem que qualquer juiz certamente determinaria a reintegração de posse. Meu caro Hiroshi, veja que os fazendeiros já perceberam isso, não só mudaram seu discurso como mudaram seus métodos: foram eles que fecharam a PA e não os sem-terras)

ou tentam a politização, isto é, há sempre pessoas e interesses político-partidários exogenos no movimento, enganando o povo. Ah! Hiroshi, tenha dó! Você se lembra que antes diziam que era o PT que conduzia o movimento? Agora é “lideranças ligadas ao PSOL. Vocâ só pode está de brincadeira! Venha ao acampamento, voce verá que algumas lideranças até nutrem simpatia pelo PT (o PT de Lula e Dilma, entenda bem; não o PT de Ana Júlia e Cláudio Puty), outros pelo PSOL (da Heloisa Helena e do Edimilson Rodrigues), outros pelo PCdoB, outros pelo PSTU, etc, etc, etc. Mas, também verá que há quem tenha simpatia pelo PMDB (isso mesmo, pelo PMDB e pelo Jadér, que aliás, terá muitos votos entres os militantes do movimento, provavelmente mais do que o candidato do PSOL; e eu, lhe garanto, lamento muito por isso). Como venho acompanhando, como historiador que sou o MST e suas mobilizações, tenho conversado muito com seus integrantes, e posso lhe assegurar, convido-o mesmo a vir ver de perto, é aberto, está à beira da estrada: muitos, inclusive, afirmam que vão votar no tal do Jatene (e uma vez mais posso lhe garantir que lamento). Pois é, meu caro Hiroshi, não é gado, não se trata de crianças, nem de soldados, são pessoas, seres humanos comuns, como eu e você, têm opiniões, gostos, desejos, sonhos, vontades e não são tangidos.

Espero que voce tenha lido a excelente entrevista do Charles Trocate no blog do Zé Dudu; se não, leia. Você verá que porque o MST vem resistindo às perseguições (inclusive da grande mídia, do PIG, segundo PHA), aos massacres, aos assassinatos de seus líderes; e notará quão importante foi escapar da lógica do admirável gado novo.

(Devo lhe dizer que enviarei cópia deste texto para outros blogs; que não sou membro do MST; que não tenho delegação para falar em seu nome; que não sou dono da verdade, mas estou acompanhando, como historiador, as ações do movimento há muito tempo)

Sem mais, agradeço pelo espaço,
Leonidas Mendes Filho

(Parauapebas/PA)