Em 2004, Sebastião Curió, personagem ativo da Guerrilha do Araguaia, durante entrevista a mim concedida em seu gabinete de prefeito de Curionópolis, concluída a pauta, contou que prendeu José Genoíno, no Bico do Papagaio, ao encontrá-lo perambulando numa estrada, maltrapilho e esfomeado. Cansado, o atual deputado federal do PT não teria ensaiado qualquer reação.
Em seu depoimento, Curió conta que depois de dar refeição ao prisioneiro, o obrigou a escrever numa folha de papel os nomes dos guerrilheiros que ainda se encontravam vivos na mata. Genoíno atendeu às ordens e, de próprio punho, entregou os sobreviventes.
A prisão e eliminação de outros guerrilheiros teriam ocorrido posteriormente em função da Carta-Delação de José Genoíno, disse o prefeito.
A carta, em poder até hoje do ex-major Luquini – codinome de Curió na guerrilha -, teria sido, inclusive, usada durante um pronunciamento que Genoíno faria da tribuna da Câmara Federal, desancando o passado do então também deputado federal Sebastião Curió.
Ao tomar conhecimento, através de outro parlamentar, do discurso do ex-guerrilheiro, Curió teria puxado a carta do fundo do baú e mostrado a mesma a Genoíno, com a observação de que seu conteúdo seria lido tão logo o petista concluísse o anunciado pronunciamento. Que não teve.
Hiroshi Bogéa
19 de novembro de 2007 - 23:21Acho que o título do post “Genoíno delatou?” não foi dos mais felizes.
Na calmaria, certamente teria colocado outro. Por exemplo:
“Curió mente?”
Hiroshi Bogéa
19 de novembro de 2007 - 23:187:18 PM, eu já conversei com muitos moradores de São Domingos e São Geraldo vivenciadores e coadjuvantes da guerrilha. O testemunho deles das sessões de tortura comandadas pelos militares é desesperador.
O post tem a intenção de provocar exatamente isso. E medir até onde as novas gerações compreendem esse momento negro de nossa História. Em nossas barbas.
Genoino, só ele, sabe o que passou.
Um abraço.
Hiroshi Bogéa
19 de novembro de 2007 - 23:14Bia, também fico com a coragem e capacidade de virar o jogo que o Genoino demonstrou, enfrentando a guerra suja da ditadura.
É importante que essa imagem positiva do então guerilheiro seja consolidada diante do que vem por aí com o lançamento do livro de Curió, contando a versão dele do movimento no Bico do papagaio.
Anonymous
19 de novembro de 2007 - 22:18Todo militante sabe que quando é preso ele tem que administrar o tempo na tortura. O tempo para que o esquema de segurança seja rearranjado e o resto dos companheiros não caiam. É difícil fazer isto, tanto do ponto de vista físico, emocional e moral. O preso sabe que o torturador vai lhe arrancar a informação ou as vísceras. Ninguém cala na tortura, só quem morre. Aos que se dedicaram a esculhambar o guerrilheiro Genuíno não sabem de nada, comentam por comentar sem responsabilidade. Fico, porém, com a lucidez da Bia.
Bia
19 de novembro de 2007 - 21:41Caro Hiroshi,
em que pese minhas discordância atuais com os lulistas, o fundamental no seu post é a discussão sobre o que é “entregar” ou “ceder” sob tortura. Algus conseguiram. Outros não. E isto não é prova de coragem ou de covardia. O animal do homem se revela na tortura e o algoz é sempre mais forte que a vítima, ainda que ela tenha força moral. Mas há limites físicos, terríveis.
Quanto ao José Genoíno, fico com a coragem dele. Nem faz diferença para mim se o Major tem ou não razão.
Abraço
Anonymous
19 de novembro de 2007 - 19:31Genuíno, que de genuino não tem nada, é do PT, e PTista não tem amigos, nem pátria, não está nem ai pra niguém, quer saber do seu… Entrega, delata, vende e/ou aluga quem quer que seja.
Anonymous
19 de novembro de 2007 - 00:38Essa história do Curió é antiga. Mas duvido não, a julgar pela firmeza moral que tempos depois mostrou o Genoino.
Mas jovens que se aventuraram, como ele, naqueles idos, dificilmente assinariam, escreveriam uma “suposta” carta como esta.
O fato é que a Constituição atual permite que os crimes de tortura sejam afastados da anistia que foi concedida em 79. Isso permite, seria muito bom que a nação criasse coragem e levasse aos tribunais esses bandidos travestidos de patriotas, mas que não passam de assassinos, tanto o é, que no caso do Major em comento, nunca parou de matar, só ver sua folha corrida.