Poster assistiu debate ocorrido em São João do Araguaia, semana passada, entre Eletronorte, população do município e autoridades diversas, destacando-se representante do Ministério Público que ao apresentar alternativas à Hidrelétrica de Marabá, foco da audiência, citou a geração eólica, “causadora de menos danos ao meio ambiente e às comunidades”.
Está todo mundo cansado de saber que a energia cinética do vento é uma fonte transformadora. Seu mecanismo é simples: o vento gira uma hélice gigante conectada a um gerador que produz eletricidade.
Para melhor exemplificar: um barco à vela usa a energia dos ventos para se deslocar na água. Esta é uma forma de produzir força através do vento.
Durante muitos anos, agricultores serviram-se da energia eólica para bombear água dos furos usando moinhos de vento, também usado para girar a mó dos moinhos transformando o milho em farinha.
Quando vários mecanismos como esse – conhecido como turbina de vento – são ligados a uma central de transmissão de energia, temos uma central eólica. A quantidade de energia produzida por uma turbina varia de acordo com o tamanho das suas hélices e, claro, do regime de ventos na região em que está instalada.
É simples, mas caro.
O que impede a instalação de mais centrais eólicas ainda é o preço. A energia gerada por uma central com essa plataforma custa entre 60% e 70% a mais que a mesma quantidade gerada por uma usina hidrelétrica.
Se uma hidrelétrica de Marabá está orçada em algo tipo R$ 5 bilhões, acrescente-se a esse valor mais R$ 3,5 bilhões para optar pela geração eólica.
Não se pense também, o ideal seja contar simplesmente com ventos fortes.
Além da velocidade dos ventos, é importante que eles sejam regulares, não sofram turbulências e nem estejam sujeitos a fenômenos climáticos.
O Brasil tem um dos maiores potenciais eólicos do planeta e, embora hoje o vento seja responsável por míseros megawatts (MW) dos cerca de 92 mil MW instalados no país, o governo federal têm planos ambiciosos para exploração dessa fonte de energia através do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia (Proinfa), lançado pelo Ministério de Minas e Energia.
Até 2015, a meta é chegar a 5 mil MW gerados pelo vento – um terço disso instalado nos litorais do Ceará e Bahia.
Os países com o maior número de instalações de energia eólica, são Alemanha (16.629 MW), Espanha (8.263 MW), Estados Unidos (6.740 MW), Dinamarca (3.117 MW) e Índia (3.000 MW). Alguns países, como Itália, Holanda, Japão e Reino Unido, estão acima ou próximos da marca dos 1.000 MW.
Quando se fala em construção emergencial de quatro hidrelétricas na região Norte (rio Madeira, Xingu e Tocantins) é porque o Brasil está às portas de um apagão. O prazo limite é 2016.
Esperar o desenvolvimento caríssimo do excelente e ambientalmente bem vindo programa de energia eólica, deixará o Brasil às escuras.
Alguns membros do Ministério Público precisam cumprir com seu papel de fiscais da população, mas necessitam, muito mais, assumir responsabilidade técnica quando se pronunciarem em audiências públicas.
Insuflar a comunidade de São João do Araguaia, como fez o represente do parket, com argumentos de que a energia eólica é a solução para todos os males, denuncia, descaradamente, mínima falta de conhecimento de um tema que bem poderia ter sido melhor aproveitado.
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atualização às 20:03
Comentário assinado por Ministério Público Federal (não seria mais elegante algum procurador assinar a nota?), a seguir reproduzido:
Andrea Monteiro
20 de março de 2011 - 13:26Sr Hiroshi, os movimentos contrários à geração via hidroeletricidade cansam de destacar as fontes de energia alternativa como a solução para todos os males do setor no Brasil, mas esse é um pensamento equivocado, do ponto de vista não só tecnológico como também ambiental. Neste caso, especificamente, tratamos da energia eólica, que também gera impactos (produção de ruídos que afetam a audição humana, a mudança na rota de ventos potencializando o nível de calor nas regiões próximas e alta propensão de uma hélice atingir a avifauna local, matando pássaros), além de ser uma geração instável, ou seja, passaríamos a contar com a natureza para a produção de energia. Além disso, a construção de hélices gigantes acarretará, entre outros efeitos, o deslocamento de famílias e impactos na região onde serão dispostas essas edificações. Portanto, entendo que ainda precisamos não só dominar novas tecnologias que mitigem os impactos no meio ambiente em todas as suas esferas, bem como avaliar até onde queremos chegar, pois é fato que uma sociedade que não se educa ambientalmente, cresce e consome cada vez mais a cada ano tem lá suas contribuições para as transformações ocorridas no mundo. Façamos a nossa mea culpa!!!!!!!!!!!!
Anonymous
22 de maio de 2010 - 13:20Não fazem nada. Só blá blá blá. Muita teoria e pouca prática. Esses Procuradores parecem que vivem no mundo da lua, caiam na realidade, pô! Apresentam soluções utópicas para todos os problemas, eles não são Robin Wood para somente defender os pobres. Sempre é isso, eles acham que a luta deles é dos pobres contra os ricos. Brincadeira!
Anonymous
21 de maio de 2010 - 21:41Prezado Hiroshi Bogéa,
O MPF gostaria de esclarecer o que segue:
O Brasil é um estado democrático de direito, onde os cidadãos podem manifestar livremente suas opiniões e idéias. Numa sociedade democrática o confronto de idéias e opiniões não deve ser visto como algo ameaçador ou que possa colocar em risco a segurança nacional, tal como acontecia no passado recente e de triste memória em nosso país.
O discurso oficial para justificar o barramento de rios amazônicos é a ameaça de que o país vai ficar às escuras em 2011, 2015, 2016, o prazo varia. O discurso é amedrontador, mas destituído de fundamento na realidade – ainda que se preveja o aumento da demanda, nenhuma das hidrelétricas projetadas para a região Amazônica vai ficar pronta antes de 2016. O que se debate em outros países é o controle sobre a demanda, que não pode crescer descontroladamente. O que se debate em outros países, mas não se tem feito no Brasil, é a diversificação de fontes de energia, para evitar perdas socioambientais que muitas vezes são inestimáveis, inclusive do ponto de vista econômico.
Além de descolado da realidade, o discurso oficial em defesa dos barramentos se traveste de crueldade ao funcionar como chantagem contra populações que vêem seu modo de vida agredido, modificado e até extinto de uma hora para outra, depois de décadas de total abandono pelo Estado brasileiro. O Ministério Público Federal carrega a missão constitucional de defender os direitos dessas populações.
Na audiência em questão, as famílias de assentados e ribeirinhos estavam em grande número, apavorados com a iminência de verem todos os esforços de suas vidas irem literalmente por água abaixo. Já sentem os impactos da usina na forma de sofrimento psicológico e não precisam ser insuflados por ninguém para serem contra a destruição de suas próprias vidas. São seres humanos e cidadãos, dotados de consciência e dignidade, qualidades que não parecem dispostos a trocar indenizações.
A comparação entre os custos da geração de energia é questão bem complexa por vários motivos. Em primeiro lugar, porque não há preço fixo para geração de energia qualquer que seja a fonte. O custo sempre estará condicionado por uma infinidade de fatores, como a localização e as condições de disponibilidade dos insumos. No caso das hidrelétricas na Amazônia existe ainda o custo das linhas de transmissão de milhares de quilômetros, que representam quase o mesmo valor da barragem.
O Brasil é um dos países de maior potencial para geração de energia eólica no mundo e sediará de 31 de agosto a 02 de setembro o BrAzil Windpower Conference & Exibition, no Rio de Janeiro. Será um grande evento para divulgar mundialmente o Brasil como um dos países com maiores potenciais de geração de energia eólica, atraindo investidores. Nossa capacidade instalada neste segmento em 2009 estava na casa do 606 MW, mas vem crescendo a casa dos 100% ao ano.
Na audiência, o MPF mostrou que a energia eólica é um exemplo de alternativa, entre outras, para que as pessoas não se sintam culpadas por impedirem a única chance que o Brasil tem de gerar energia, uma carga muito pesada para jogar nas costas dos brasileiros.
Ministério Público Federal
Hiroshi Bogéa
20 de maio de 2010 - 16:52Revira mesmo. Já revirou! E a correção feita.
Anonymous
20 de maio de 2010 - 16:42"CANSO DE SABER" ? Para com isso ! Assim Camões se revira no túmulo !