Deputado estadual Dirceu ten Caten não recusaria disputar uma vaga majoritária em 2026, pelo Partido dos Trabalhadores.  “Estou pronto para compor uma chapa majoritária progressista, independente de qual for a posição”, diz.

 

Em entrevista ao blog Hiroshi Bogéa On Line , o deputado estadual  Dirceu tem Caten (PT) falou sobre a atual conjuntura interna do partido prevendo que o resultado do PED (Processo de Eleição Direta) a ser realizado em julho próximo, unificará mais a agremiação de centro-esquerda.

Dentre muitas decisões pessoais a serem tomada, Dirceu já tem uma definida: ele não será mais recandidato a deputado estadual. “Entendo que estamos fechando um ciclo no parlamento estadual”, revelou.

Para Dirceu, Lula e Helder Barbalho são exemplos de políticos que lutaram até  conseguir se eleger em disputas precedidas de derrotas. “Lula perdeu  para vencer na quarta e hoje ser o que mais governou o país. Helder perdeu a sua primeira eleição majoritária e depois venceu tendo na sua reeleição a maior votação percentual do Brasil.”

Veja a entrevista, na íntegra:

 

Você foi eleito deputado estadual, em seu primeiro mandato, com apenas 24 anos. Muito jovem. De lá pra cá, o que você aprendeu no exercício da política atuando num estado de dimensão continental?

Sem dúvidas, a vida é um processo de aprendizagem constante, apesar de eu ter começado minha militância política aos 14 anos não foi fácil iniciar tão jovem essa nova fase dentro do parlamento, precisei de muito empenho e dedicação para me afirmar, ganhar respeito dos meus pares e crescer em regiões que até então não tínhamos atuação como grupo político. Me dediquei muito, principalmente no trabalho de base e na produção legislativa, o que me fez ser o mais votado da história do partido no Pará nas minhas duas reeleições chegando a quase 67 mil votos em 2022. Já fizemos muito por nosso estado, mas acredito que ainda tenho muito o que aprender e muito o que oferecer politicamente dentro do nosso Parazão continental.

 

Hoje saio nas ruas de Marabá de cabeça erguida e recebo elogios até de quem não votou em mim pela forma que conduzimos o processo. Acredito que tudo tem seu tempo, e nossa hora vai chegar.

 

Candidato a prefeito de Marabá na ultima eleição, você obteve a terceira votação, embora aparecesse como um nome novo, jovem e que apresentou um programa de governo voltado para atender as classes menos favorecidas. A sua baixa votação, para muitos, deveu-se à rejeição que o PT sofre diante do eleitorado de Marabá; outros credenciam a situação ao fato de que a grande maioria da população de Marabá é conservadora e que foi seduzida pelo discurso bolsonarista do candidato vencedor da eleição, delegado Toni Cunha. Qual a avaliação que você fez do resultado da eleição de Marabá?

Acredito que toda análise de um resultado eleitoral precisa ser observada por vários ângulos. O prefeito eleito na eleição municipal passada teve apenas 8 mil votos na primeira eleição que disputou, em 2020. Agora, em 2024, eu estive candidato pela primeira vez a prefeito de Marabá e passei dos 20 mil votos, coisa que surpreendeu muita gente, pois minha coalizão partidária e política era pequena. Fizemos uma campanha bonita, um plano de governo ouvindo a população, nossa eleição foi movida a proposições, não atacamos ninguém, não entramos em brigas pessoais, o tempo todo discutimos os problemas da cidade e apresentamos soluções que inclusive conheci de perto visitando outras cidades. Hoje saio nas ruas de Marabá de cabeça erguida e recebo elogios até de quem não votou em mim pela forma que conduzimos o processo. Acredito que tudo tem seu tempo, e nossa hora vai chegar.

 

Uma das propostas de sua campanha  foi a melhoria do transporte público, garantindo tarifa zero aos usuários, serviço que já vem sendo ofertado em muitos municípios com sucesso. Esse perfil de transporte público financiado pelo pode público, num país com tantas desigualdades, deveria ser o caminho a ser seguido pelos gestores municipais, mas não é assim que funciona. A força do capital ainda prevalece, sem que haja um retorno de qualidade e financeiro para os usuários. Você entende assim também? Como resolver a crise do transporte público em Marabá?

Antes de lançar essa proposta visitei duas cidades em que o Tarifa Zero já é realidade, hoje são mais de 100 cidades no Brasil que já adotam essa política pública que muda completamente a dinâmica do município, garantindo mobilidade pra quem mais precisa, melhora a circulação dos recursos na cidade, a economia cresce, o turismo cresce, é um ciclo virtuoso que aumenta até a arrecadação pública no médio e longo prazo e pelos estudos que fizemos não sai por mais de 2% do orçamento anual do município. É uma questão de vontade política, de ser ou não uma prioridade dentro de um planejamento de gestão.

 

“Estamos saindo do parlamento estadual deixando muitos legados, centenas de projetos aprovados, políticas públicas relevantes que iniciaram no nosso gabinete e hoje transformam vidas. Estamos prontos para novos e maiores desafios!

 

Ao  longo de seus três mandatos no parlamento do Estado do Pará, a sua vasta produção de projetos de lei revela a qualidade de sua atuação parlamentar, abrangendo temas nas mais variadas áreas, principalmente buscando a melhoria da Educação  e garantia de mais direitos e oportunidades para os jovens paraenses. Diante desse saldo altamente positivo na AL, muitas pessoas analisam que está na hora de você buscar voos mais altos, como disputar uma cadeira à Câmara Federal. Qual sua avaliação sobre essa possibilidade?

Fico feliz com o reconhecimento do nosso trabalho e sempre digo que nosso crescimento é um mérito coletivo, sou muito grato de ter uma base bastante orgânica e que ainda faz uma política pautada em valores sólidos sempre na busca do bem comum. Entendo que estamos fechando um ciclo no parlamento estadual, deixando muitos legados, centenas de projetos aprovados, políticas públicas relevantes que iniciaram no nosso gabinete e hoje transformam vidas. Estamos prontos para novos e maiores desafios!

 

A próxima eleição do PT estadual via PED que ocorrerá dia 6 de julho, objetivando  renovar as  direções do partido nas esferas municipal, estadual e nacional – pelo menos no Pará -, definirá posições estratégicas de pretensos candidatos e candidatos à reeleição petistas. Hoje, com a predominância de comando nas mãos do senador Beto Faro, setores do PT demonstram preocupação com o alinhamento do partido com o MDB, achando que mais uma vez a legenda estará a reboque do governo do estado em detrimento de seu fortalecimento eleitoral. Como vc analisa esse quadro interno do PT?

Estadualmente ainda estamos dialogando sobre as composições internas e o futuro do PT no Pará. Em Marabá serei candidato a reeleição como presidente do diretório municipal, mais uma vez com chapa única entre as 4 correntes políticas que temos na cidade, garantindo assim a unidade e sinergia partidária.

 

 

Dentro do PT, você defenderá  o fortalecimento de novas candidaturas, objetivando renovar a legenda,  e a decisão de se  lançar candidaturas majoritárias?

O PT é um partido que investe na transição geracional, 20% da direção partidária e das candidaturas precisam ser de jovens, então sempre temos novos quadros em ascensão em todo país. Para as eleições de 2026 vamos focar numa estratégia em todos os estados que possam dar sustentação ao nosso projeto maior que é reeleger o presidente Lula para que possamos seguir reconstruindo nosso país.

Nas ultimas eleições, o PT elegeu dois deputados federais no Pará, Airton Faleiro e Dilvanda Faro; e  você  apoiou a candidaturas do deputado federal  Airton Faleiro, fazendo dobradinha com ele. Como as pressões de suas bases eleitorais crescem a cada dia a favor de sua candidatura à Câmara Federal, essa dobradinha pode se dissolver na eleição de 26. Quem conhece o quadro político paraense entende que você, candidato a federal, agregaria muito mais votos ao partido do que Faleiro, aumentando a possibilidade do PT eleger 3 federais. Como vc analisa esse quadro?

Nosso grupo político é muito coeso, foi dessa forma que garantimos 8 eleições consecutivas para câmara federal: Pastana, Ganzer, quatro vezes; Zé Geraldo, duas vezes; e Airton Faleiro. Todo movimento que fizermos para as próximas eleições será através de um diálogo maduro e baseado na conjuntura política do momento.

 

Já ouvi de petistas históricos rumores de que você poderia ser escolhido pelo partido para disputar a vaga ao Senado, tem fundamento isso? Politicamente, não seria um risco muito grande à sua brilhante carreira política?

Se o partido decidir que sou o melhor nome para representar a sigla em qualquer candidatura majoritária irei cumprir a tarefa, entendo que o processo político é coletivo. Lula perdeu 3 para vencer na quarta e hoje ser o que mais governou o país. Helder perdeu a sua primeira eleição majoritária e depois venceu tendo na sua reeleição a maior votação percentual do Brasil. Na política nada se constrói sozinho, então terei como pilares sempre a força do meu grupo, da minha corrente e do meu partido. Estou pronto para compor uma chapa majoritária progressista, independente de qual for a posição, sempre pensando no projeto de sociedade e não no meu projeto pessoal, sou apenas um soldado nessa guerra constante contra as desigualdades sociais, e para vencê-la jogarei na posição que for preciso ser escalado. (Fotos: Arquivo Pessoal)