O blog recomenda a leitura do comentário de João Vergílio, cientista da USP, sobre a crise na América do Sul envolvendo Colômbia, Equador, Venezuela e as Farc:
Há muita gente reclamando pelo fato de o Itamaraty não ter reconhecido o fato de as Farc serem um grupo terrorista. Eles devem achar que a missão do Ministério das Relações Exteriores é ficar produzindo descrições objetivas da realidade. Isso é missão de jornalistas (missão que, aliás, esses mesmos reclamantes não conseguem desempenhar nada bem). Um diplomata não tem o direito de se preocupar apenas com a verdade do que diz. Tem que levar em conta sobretudo os EFEITOS daquilo que diz.
A diplomacia do Brasil deu um show. Isolou Chávez, fazendo com que a discussão ficasse circunscrita aos dois países em conflito, e conseguiu costurar um acordo numa situação em que qualquer erro poderia significar uma guerra numa região em que nossas fronteiras estão completamente desguarnecidas.
Ao mesmo tempo, acho um erro julgar que Chávez e as Farc tenham em vista a transformação da guerrilha em partido político. Ambos só têm a perder com isso. Não teria lógica nenhuma se institucionalizar nestas circunstâncias.
Insisto: enquanto não pusermos sobre a mesa a questão do narcotráfico, todas as discussões ficam sem lastro. É em torno do tráfico e da política antidrogas dos EUA americana que todas as questões desse conflito estão articuladas. Sem essa insana War on Drugs patrocinada pelos EUA, não haveria as Farc, nem Uribe. E Chávez não passaria de um reformador social um pouco voluntarista e desastrado.