Em menos de 40 dias, cinco mulheres foram vítimas da violência doméstica em Itupiranga, Nova Ipixuna e Marabá. Não apenas espancadas. Mortas em situações de inimaginável selvageria.
A última senhora foi eliminada pelo marido com um tiro na boca diante de dois filhos.
O assassínio mais terrível ocorreu em Itupiranga onde a vítima teve coração e outros órgãos arrancados cruelmente pelo companheiro, depois de morta.
Em lugar do beijo e da proteção, a pena máxima. Porque isso?
Hiroshi Bogéa
1 de novembro de 2007 - 19:04Querida Bia:
A violência contra as mulheres não é um problema de mulheres: é um problema dos homens, é um problema de toda a sociedade. Os direitos das mulheres são inalienáveis e constituem parte integrante dos direitos humanos. A discriminação contra elas não viola apenas esses direitos fundamentais e o respeito pela dignidade das mulheres, mas impede as mulheres de contribuírem e de participarem na vida política, social, econômica e cultural, em condições idênticas às dos homens. Constitui obstáculo à melhoria e ao progresso da sociedade porque priva da integral e completa contribuição de mais de metade da população.
A violência contra as mulheres é uma mancha negra que envergonha a humanidade.
Importa perguntar porquê. Por que razão a violência contra as mulheres foi ignorada durante séculos.
Recentemente li alguma coisa de que nos anos 60 um tribunal português classificava o comportamento criminoso de um marido como moderado poder de correção doméstica. Por aí se traduz o tamanho do crime que se perpetua ao longo dos séculos contra o sexo feminino, exemplarmente caracterizado, não tão longe assim, num país dito de Primeiro Mundo.
Meu abraço solidário.
Bia
1 de novembro de 2007 - 18:10Caro Hiroshi,
não há um porque. São uma somatória de preconceito, machismo e a aceitação pela sociedade ainda do papel subalterno da mulher.
Mas, se a gente conseguir expor estas estatísticas como prejudiciais ao conjuntoo da sociedade, talvez se quebre um pouco tudo isso.
A violência doméstica contraa mulher, assim como a expansão da contaminação pela AIDS ou o aborto como terceira causa de morte materna, podem ser olhados pela ótica da segurança e da saúde públicas.
Deixam de ser “coisas de mulher” e passam a ser problemas gerais da sociedade brasileira.
Quem sabe fica melhor assim, se contarmos com a adesão de todos.
Abraço fraterno.