Ex-deputado estadual e advogado, Plínio Pinheiro comenta a crise na atividade florestal:
Já faz algum tempo que o assunto meio-ambiente/devastação é conduzido de forma emocional e, sobretudo, política. Faz-se dele, de tempos em tempos, um cavalo de batalha, por algum motivo que reflete, aqui ou lá fora. É claro que a ocupação desordenada das terras contribui e muito para a devastação, mas será que a culpa é de quem ocupa e devasta ou, acima de tudo, de quem deveria direcionar as ocupações, através de um zoneamento ecológico, que se existe, nunca foi aplicado.
Por outro lado, não se pode jogar toda a culpa sobre o particular. Pergunto: você já viu o Governo reflorestar para recompor as áreas cortadas por extensas estradas? Multiplique a extensão pela largura e veja os milhões de hectares que ele devastou abrindo estradas. E os milhões de hectares que ficaram sob lagos de usinas, estão replantados pelo Governo em que local? Tomemos como exemplo os mais de 400 Projetos de Assentamentos ou Assentamentos do Incra em nossa região e verifiquemos através de imagens de satélite, como eram à época da imissão do Incra na posse e como estão agora.
Concluiremos que toda a mata existente à época da desapropriação desapareceu por completo e quem devastou foi o Governo. Assim foi com a Bamerindus, com a Três Poderes e com a Macacheira. Esta, por exemplo, tinha em 1996 quando foi desapropriada, mais de 3.000 hectares de mata fechada e hoje, tem menos de 300.
É coisa para ser levada a sério e cada um deve assumir a sua parcela de culpa e recompor o que devastou. Não será Tailândia que eximirá o Governo de sua culpa de maior devastador das nossa belas e ricas matas.
Roberto C. Limeira de Castro
14 de março de 2008 - 04:33Numa conjuntura mundial com o preço do petróleo a US$ 110,00 e com a maior economia do mundo com dispêndio de US$ 500 bilhões anuais para mover os seus veículos, a análise histórica da Amazônia perde total validade.Em 1974, quando o Governo Geisel implantou o Plano do Álcool, os americanos procederam ao boicote.Hoje, vem o Próprio Presidente e uma importante assessora americana falar com o nosso Presidente e reconhecer a liderança mundial do Brasil nos biocombustíveis.Se assim não fosse, a própria Vale não estaria investindo milhões no reflorestamento de 150.000 hectares, nem uma das maiores tradings do mundo, a Marubeni do Japão não estaria comprando as operações da International Paper no Amapá.A verdadeira vocação da Amazônia não é mineração,siderurgia, carvão, pecuária,produção de madeiras serrada, extrativismo pre-histórico ou sojicultura, mas, a produção de energia para um mundo de 1 bilhão de veículos numa área de maior insolação do planeta.Quem viver verá e vencerá quem sair na frente.
João Lima
13 de março de 2008 - 16:29Amazônia: Desmatamento – efeito que substituiu as causas
Já tenho feito contribuições sobre a questão do desmatamento na Amazônia e ainda permaneço incrédulo quando analiso as medidas propostas para o controle da exploração ilegal da madeira, substituição da floresta por pastagem etc.
O Decreto Presidencial, nº 6.321, de dezembro de 2007, a IN MMA nº 1 de 2008, as portarias que ‘pipocam’ nesses últimos dias espelha somente que as causas do desmatamento estão longe de serem combatidas. Quem quiser que busque a leitura do que escreveu Ciro Fernando Ciqueira, na sua monografia (Universidade de Brasília), ao questionar a eficácia da legislação brasileira: como pode uma legislação ambiental que é considerada por muitos uma das mais completas do mundo, que deveria proteger o meio ambiente , mas que não protege, ser considerada uma das mais perfeitas se ela não funciona?
O trabalho do Ciro Siqueira possui uma linguagem franca e aberta, se colocando a proposta de debater uma das causas do desmatamento. Quem quiser discordar que discorde, mas fique sabendo que a ASIBAMA – Associação dos Servidores do IBAMA tem a mesma opinião do Ciro e basta ler a carta aberta que foi divulgada no site da entidade.
Estabelecer uma relação direta entre a proibição do desmatamento com a ineficácia dos dispositivos legais é tarefa fácil, difícil é mudar as regras de um jogo que dura desde os primeiros momentos de ocupação territorial da Amazônia.
Mercado é bastante simples: havendo demanda, se gera um produto! Fazer o caminho inverso é bastante complicado. A exploração madeireira da Amazônia não gerou o comércio internacional de madeira tropical. Aconteceu o contrário. Da mesma maneira, foi o mercado que trouxe a produção pecuária para a Amazônia e isso foi incentivado pelo próprio governo, que inclusive financiou a pecuária. Entre as duas atividades é importante lembrar que: nunca houve o financiamento governamental de planos de manejo florestal sustentável, muito embora essa tenha sido uma das metas mais buscadas pelo próprio governo, no sentido de ordenar a exploração madeireira amazônica.
O açaí, que outro exemplo maravilhoso. Existem críticas sobre a monocultura na Amazônia e as ideologias mais socialistas são as mais combativas sobre o tema. No entanto, o mercado do açaí é praticado por poucos, sob sistema de monocultivo, ou apoiado por uma cadeia de grande fragilidade sanitária – lembrar do mal de chagas e os casos ocorridos.
A floresta perde de longe quando se a compara com a pecuária ou com a agricultura, tanto em rentabilidade quanto em liquidez. O reflorestamento então, nem se menciona. Via de regra, quem refloresta alguma coisa na região do sudeste paraense, por exemplo, buscou uma rota de fuga para o problema da reserva legal de 80%, plantando no Tocantins, onde a reserva legal é de 35%. Fala-se na criação do Distrito Florestao Sustentável de Carajás, que no meu ver não resolverá a questão do reflorestamento e do suprimento do carvão para a siderurgia de Marabá.
Daí temos, ao longo da história, um mercado madeireiro extremamente fraco e desestruturado, no sentido de depender de demandas externas que estabelecem o ‘quanto vale’ a madeira, comprando 15 ou 20 essências florestais. Temos uma demanda energética que demora pelo menos 5 anos para dar rendimentos. Não conseguimos inserir os produtos da agricultura familiar no mercado. Não conseguimos nem mesmo ligar os assentamentos aos mercados. Ao embargarem as propriedades como já é previsto pelo MMA e toda a cúpula interministerial de Combate ao Desmatamento, o pouco que resta de mata será invadida e desflorestada, para abastecer os mercados clandestinos da madeira e do carvão.
Finalmente: Qual é o verdadeiro causador do desmatamento?
Anonymous
11 de março de 2008 - 02:00Hiroshi,não perca seu tempo.
O Limoeiro é conhecido na blogosfera.
Roberto C. Limeira de Castro
10 de março de 2008 - 23:03Meu caro Hiroshi!
A economia de uma região e de um país não se faz com discursos bonitos, mas, com trabalho, gente preparada e utilização da ciência e tecnologia.
Esse modelo messiânico dos novos profetas da fome vivendo em cima da riqueza não tem sustentação na realidade.As áreas engessadas da Amazônia dos silvícolas e de centenas de parques e reservas de todos os tipos criados nos gabinete de Brasília, a revelia da população e dos governantes locais somam metade de toda Amazônia (2 milhões de quilometros quadrados).Em nenhum momento falei em depredar a Amazônia, pois, a Ciência já aporta soluções de sustentabilidade.
Nos discursos dos vermelhos travestidos de verdes, nunca vi ninguém apontar soluções para melhorar as condições econômicas de 23 milhões de Amazônidas que serão 40 milhões em 2050.
O discurso da Amazônia como santuário e museu da biodiversidade somente interessa aos nossos opressores.A obrigação dos proprietários da região em manter 80% de reservas florestais intactas é sonho de ambientalistas desocupados que vivem em coberturas com ar-refrigerado e torrando as reservas brasileiras com a compra de bugingangas chinesas. O caos já está instalado na Amazônia e as soluções apontadas são para piorar. Burocracia inútil, multas, repressão e perseguição a quem trabalha. Nossa economia não descolará com os nossos veículos atolados na lama, com as colheitas perdidas e a nossa juventude sendo dizimada nos guetos das pseudo-metrópoles. Você sabe muito bem disso.
Hiroshi Bogéa
10 de março de 2008 - 17:01Discordo de seu ponto de vista, Roberto.
Primeiro, sim, encontrar culpados, para que seja vedada de vez essa sangria contra a natureza. Os “certos dogmas imbecis muito em voga” aos quais você se refere retratam, em verdade, as cenas de barbárie construída ao longo de trinta de anos pelos predadores aportados em nossas plagas, muitos vindos das Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo, desesperadamente loucos pelo ganho fácil. Eles nunca tiveram o cuidado de investir num projeto sequer de reflorestamento de seus quintais.
A questão aqui pra nós agora é única: desmatamento zero. Zero mesmo!
As lições históricas apontadas em seu comentário não servem como justificativa para se aceitar a morte de nossas florestas. E para que possamos ser iguais a tantas cidades desenvolvidas, cuidadosamente citadas em sua leitura.
A hora de acertar as contas é esta. Passar a régua.
Não podemos mais recuar.
Se o “Governo de Minas dá incentivos aos empresários para a construção de fornos de carvão siderúrgico para elevar o nível de riqueza do Estado”, é porque os grandes produtores de lá se deslocaram para nossas bandas, deixando um rastro de destruição nas cidades mineiras sem precedente. Matéria prima que é bom, foi pro espaço, junto com a fumaça das carvoarias.
O desenvolvimento da Amazônia que queremos não é este modelo apontado pelas suas observações. Disso tenha certeza.
Essa, para nós, é que é a questão.
Um abraço, parceiro.
Roberto C. Limeira de Castro
10 de março de 2008 - 14:10A questão não é de encontrar culpados, mas, de se fazer uma reflexão sobre certos dogmas imbecis muito em voga. Em 1860, vieram alguns alemães para o Brasil e desmataram uma boa parte do norte de Santa Catarina, no planejamento científico de 08 cidades, entre elas, Joinville, Blumenau, Jaraguá do Sul, Timbó, Indaial e Pomerode.O mesmo ocorreu no norte do Paraná nos anos sessenta. Hoje essas cidades e umas outras que se instalaram depois são responsáveis por um PIB maior que o Estado do Pará com os seus mais de 1,2 milhões de quilômetro quadrados.Nesta região altamente culta e de excelente qualidade de vida estão as maiores fábricas de móveis do Brasil e o meio ambiente a cada dia é mais preservado..Os índices de violência, de pobreza e desemprego são mínimos.É possível se apreciar as orquídeas nos milhares de quilômetro quadrados das florestas da serra do mar a pouca distância da BR-101 duplicada ou degustar ostras cultivadas com zero grau de contaminação nas praias da região. Muitos brasileiros ainda não se deram conta de que a natureza se regenera ao longo dos anos, principalmente, se tiver uma mãozinha dos humanos e um pingo de competência dos governantes.A diferença entre um Estado com autonomia para progredir e organizar as suas instituições republicanas e um outro que é vítima da opressão econômica com 12 vezes de área territorial e de riquezas naturais é a falta de objetividade de sua elite cultural.Enquanto, o Governo de Minas dá incentivos aos empresários para a construção de fornos de carvão siderúrgico para elevar o nível de riqueza do Estado, os defensores de formigas, marimbondos, Aedes Egypts e Anofeles se instalam em todos os gabinetes do poder para impedir o desenvolvimento econômico da Amazônia e perseguir os pouquíssimos empreendedores que existem.Essa é a questão.