A propósito da nomeação de dois deputados eleitos por Marabá (Asdrubal Bentes – PMDB – e Sebastião Miranda – PTB) para ocuparem secretarias de Simão Jatene (PSDB), é sugestiva a leitura de post do blogueiro Giorlando Lima, da Bahia, tratando desse barato de parlamentar trocar o mandato por uma função de governo.
Eu não votei em Lídice para ministra.
Parlamentar é parlamentar; secretário ou ministro é outra coisa
Quando o cidadão vota em alguém para deputado ou senador o faz pensando no que o candidato escolhido vai fazer por ele no parlamento, na Assembléia, Câmara ou Senado. Ninguém – ou apenas uma diminuta minoria – pensa que o seu escolhido vai virar secretário ou ministro. Mas, eis que, eleitos, alguns dos personagens privilegiados com o voto dos eleitores para representá-los no parlamento começam a trabalhar – ou são trabalhados – para representar o partido no governo.
No Brasil é assim. Eis que estamos, neste momento, acompanhando uma movimentação nesse sentido. Diz-se que o governador Jaques Wagner – muito forte com Lula – também será um nome forte durante e por dentro do governo Dilma. Falava-se, logo após a eleição dele e, pouco depois, da presidente, que Wagner poderia indicar dois secretários. Vários nomes foram mencionados, entre os quais o da secretária da Casa Civil, a competentíssima Eva Chiavon, e um segundo qualquer – podendo ser qualquer um, menos Wagner e Otto Alencar, por óbvias razões.
A verdade, até aqui, no entanto, é que nenhum nome ligado ao governador Jaques Wagner tem aparecido nas inúmeras listas divulgadas pela grande imprensa, especialista em Brasília. Isso não se dá porque não estejam sendo falados ou discutidos os nomes que Wagner indicaria, mas por conta do estilo do próprio governador da Bahia, que não se apavoneia e nem canta vitórias antes da hora, principalmente, nesta delicada seara da política nacional.
Jaques Wagner não tem apenas sua força para recomendar nomes para o governo de Dilma Roussef, ele tem a procuração da Bahia, de um imenso eleitorado que foi fundamental para a eleição da presidente. Wagner é responsável e comprometido com a Bahia e sabe o que significa para o estado ter um ou dois ministros no futuro governo.
Mas, será que o PT, o caderno de nomes do governador e a própria Bahia estão assim tão desprovidos de talento que precisaremos tirar deputados ou senadores da missão para o qual foram eleitos porque precisam assumir ministérios? Qual a lógica? O PSB, que é “dono” do ministério do Turismo, que porque quer Lidice na pasta? E por que Lídice? Nós a elegemos senadora, para nos representar no Senado. Por que não chamam Domingos Leonelli? Ele não foi eleito deputado foi secretário estadual do Turismo e pode muito bem ser o nome do PSB e um dos nomes da Bahia no ministério de Dilma.
O quê? Ele é homem e Dilma quer uma mulher à frente da pasta? E a coisa se define pelo gênero agora? Não vi nada tão machista.
Mas, enfim, eu não quero que o suplente de Lidice seja senador. Eu votei nela. A propaganda eleitoral me convenceu de que ELA SERIA UMA BOA SENADORA, necessária para a Bahia. Se não há outros nomes, vamos digerir essa vergonha. Ou o PSB e o governador Wagner que se virem, pois não são quadrados. A Bahia não é essa pobreza de quadros que parece.
Eu repito: protesto veementemente contra a retirada de parlamentares para cargos executivos. A senadora eleita Lídice da Mata é personagem deste artigo apenas porque está na pauta. Mas, vale para qualquer um: parlamentar é parlamentar, governo é governo. Vamos tomar prumo.
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Nota do blog: de tanta repercussão negativa da possível ida da senadora eleita Lidice da Mata para um dos ministérios de Dilma Roussef, a própria personagem declinou das sondagens iniciais feitas pelas lideranças nacionais do PSB, negando-se atender convites para ser auxiliar de Dilma.
Anonymous
31 de dezembro de 2010 - 05:19Hiroshi!
Taí, como se fala, um grande debate a ser feito. Concordo com várias das argumentações do Post, principalmente em relação as qualificações de tantas outras lideranças e técnicos para ocuparem cargos de ponta no primeiro, segundo e terceiros escalões de governos municipais, estaduais e federal. No entanto, há controvérsia em relação a possibilidade de eleitos (parlamentares) ocuparem cargos do porte dos mencionados acima, pelo simples fato de terem sido eleitos para o parlamento.
Não tenho dúvida que, se consultada, a base eleitoral que votou em determinada liderança para o parlamento, aprovaria a ida da mesma para o executivo, porém, é importante avaliar a expresividade do cargo, para que possa representar os anseios dos eleitores a partir do mesmo.
Cabe ao envolvido (parlamentar) avaliar de maneira bastante qualitativa essa tomada de decisão.
Não sou contra parlamentar ocupar cargo no executivo, até porque muitos deles são brilhantes técnicos, políticos e gestores. E que poderão contribuir muito dentro do espaço de governo. Honrando os votos daqueles que lhes confiram a missão de represntá-los.
No entanto, há situações que cheiram barganha, interesse próprio e até compensação.
Já vivenciei situações idêntidas, onde eleitores eram radicalmente contrários a ida para funções no executivo, e, que mudaram de opinião diante do trabalho exercido pelo parlamentar no desvio de função.
É muito relativo.
Abçs.
Feliz Ano Novo, e, Bom Dilma.