Prometido ontem, a seguir, trecho do discurso de Ana Júlia na Câmara Municipal, ao receber o título de Cidadã Marabaense:
A fundação da vila de Itacayunas, no final do século dezenove, coincidiu com um momento em que o Brasil empreendia reformas sociais e econômicas e se adaptava aos ideais da república.
O país estava vivendo a desagregação do sistema escravista e a organização do poder dos estados federados, que foram, nesse momento, investidos como agentes principais do desenvolvimento. Estava passando da condição imperial e centralizadora para uma condição republicana e federativa.
A Constituição de 1891 permitia que os estados contraíssem empréstimos externos e dispusessem das terras devoluta do seu território, organizando o seu próprio serviço de terras e colonização.
Nesse momento em que Marabá foi criada o país vivia uma luta partidária intensa. E Marabá foi criada em função dessa luta e em função do sonho e do trabalho de construção de uma república justa e democrática.
O primeiro governador constitucional do Pará, Lauro Sodré, foi o único, em todo o Brasil, que teve coragem de se opor ao presidente Deodoro da Fonseca, no episódio da dissolução do Congresso, em 1891.
Nesse momento, o Pará se tornou sinônimo de liberdade para todos aqueles que acreditavam num modelo republicano justo e para cá migraram muitos brasileiros que acreditavam nesse projeto.
Foi esse o caso de Carlos Gomes Leitão, o fundador de Itacayunas, em 1884. Leitão, que era um deputado florianista em Goiás e que estava sendo perseguido pelas forças políticas do seu estado, tomou o rumo do norte, acompanhado por algumas dezenas de cidadãos que acreditavam na liberdade.
Naquele momento, o Pará era sinônimo de liberdade.
O governo Lauro Sodré estava empenhado em acolher esses brasileiros e em integrá-los a um projeto de desenvolvimento que, no Brasil de então, era inovador.
Lembremos que o governador Lauro Sodré, naquele momento, estava empenhado em desenvolver uma política educacional – criando a primeira escola técnica do Brasil e modernizado toda a rede escolar do estado -, um política agrícola e uma política de ordenamento territorial sem igual no país.
E Marabá, nas suas origens, está inserida nesse projeto. Nesse projeto de liberdade, de democracia e nesse projeto de construção de um modelo de desenvolvimento que, no começo da república brasileira, muito se parecia com o nosso projeto de um novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia.
Todos sabemos que esse projeto inovador foi subtraído, nos anos seguintes, pelo modelo concentrador de riquezas que foi o modelo do projeto da oligarquia lemista, sucedida pela oligarquia baratista e, depois, pelo regime militar.
Porém, todos sabemos que Marabá foi criada porque havia gente que acreditava naquele outro modelo de desenvolvimento. Porque havia gente que acreditava na educação, na diversificação da produção e numa sociedade mais justa.
Marabá foi criada porque havia gente que acreditava num modelo de desenvolvimento que é muito parecido com o modelo de desenvolvimento que nós estamos implantando no estado do Pará, porque nós também acreditamos na democracia, na participação social, na educação como condição para a liberdade.
Marabá é terra de todos e não pára de crescer. Junto com o progresso dos últimos anos, vieram também os diferentes problemas para a cidade.
Cabe a mim, como governadora, implementar medidas necessárias para fazer desta cidade um lugar onde cada cidadão e cidadã tenho orgulho de morar e viver.