A professora Dra. Ana Cristina Viana Campos, professora Adjunta da Faculdade de Saúde Coletiva, IESB, da Universidade Federak do Sul/Sudeste do Pará ( Unifesspa) publico artigo no portal da Academia fazendo uma análise comparativa dos dados da Sespa e da Prefeitura de Marabá sobre a Covid-19.
A seguir, íntegra do artigo analítico:
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No dia em que o Ministério Público do Pará em Marabá se reúne com entidades assistenciais para a população idosa, o Laboratório e Observatório de Vigilância & Epidemiologia Social – LOVES/Unifesspa analisou dos dados de casos e óbitos acumulados no município até ontem, dia 08 (junho).
De acordo com a prefeitura municipal são 18.503 casos confirmados, 18.013 pacientes recuperados e 414 óbitos. Por outro lado, segundo os dados oficiais da SESPA, em Marabá foram confirmados 16.775 casos e 405 óbitos. Essa diferença de 10% entre as informações é preocupante e representa didaticamente um atraso de 2 meses entre as informações da SESPA e da prefeitura.
Isso porque exatamente no dia 8 de abril de 2021, a prefeitura municipal de Marabá registrava 16.606 casos confirmados e 16.105 pacientes recuperados; ou seja, praticamente a mesma quantidade de casos que a secretaria tem registrado para o município hoje. Sem detalhar o tamanho do problema de gestão que esse desencontro de dados representa para a vigilância e para o enfrentamento da pandemia, o nosso alerta é para o possível impacto na quantidade e na distribuição de vacinas para o município, bem como na análise da situação epidemiológica para as tomadas de decisões.
Em relação aos óbitos, o atraso é menor (uma diferença de 9 óbitos). Entretanto, destacamos o impacto no cálculo da letalidade (percentual do número de óbitos em relação ao total de casos confirmados). Para a SESPA a letalidade da Covid-19 em Marabá é 2,4% e segundo a prefeitura 2,2%, ou seja, a letalidade é 7% menor ou maior a depender do referencial.
Comparando-se apenas os dados da prefeitura, observa-se que em 2 meses o número de óbitos aumentou 22% e a taxa de letalidade 10%.
Comparando-se os dois meses, observou-se que houve aumento de 10% no número de casos confirmados e na letalidade, mas também no número de casos testados. No período analisado, o município aumentou 2 leitos a mais de UTI/UCE exclusivos para a Covid-19. Por outro lado, houve uma redução de 21% do número de leitos de Enfermaria exclusivos concomitantemente a menor taxa de ocupação nesses leitos.
Analisando os dados por localidade, observa-se que a maioria das internações são de pacientes do município de Marabá, exceto UTI. Considerando-se que Marabá é o município polo da 11ª Regional, é esperado maior quantidade de pacientes de outros locais (municípios de pequeno porte sem estabelecimentos de saúde) em busca de atendimento mais especializados nos municípios maiores.
*Leitos exclusivos para COVID-19
**Os dados de 08/04 foram divulgados em conjunto UCE/UTI
UCE: Unidade de Cuidados Especiais
UTI: Unidade de Terapia Intensiva
Por fim, a subnotificação dos dados da Covid-19, a ausência do detalhamento dos dados com data e a variabilidade das informações sobre leitos, são importantes que podem explicar a impossibilidade de se realizar modelos preditivos para explicar a permanência do alto número de novo casos e alta letalidade no município.
Sem desmerecer os esforços dos gestores locais e estadual no enfrentamento desta terrível pandemia, o Laboratório e Observatório em Vigilância & Epidemiologia Social – LOVES da Unifesspa, como um Observatório de Saúde ativo na região Sudeste do Pará, solicita acesso aos dados completos para que o monitoramento da pandemia possa produzir estudos de cenário e previsão mais específicos e completos.
Texto: Ana Cristina Viana Campos – Coordenadora LOVES (Laboratório e Observatório de Vigilância & Epidemiologia Social) – Unifesspa
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Nota do blog: os negritos são de autoria da autora do artigo.
Ana Campos
10 de junho de 2021 - 11:15Obrigada querido por dar voz e espaço para a Ciência, para o LO/UNIFESSPA
hiroshi
10 de junho de 2021 - 12:02Oi, Ana… é obrigação valorizar esse trabalho maravilhoso que vocês desenvolvem na Unifesspa. A Universidade está dando sua resposta e retorno dos investimentos públicos. Viva a Ciência!