Ao mesmo tempo em que comemora o anúncio da retomada de execução da derrocagem do rio Tocantins, oficializado semana passada pela ministra Miriam Belchior, o presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá, Ítalo Ipojucan, teme que o futuro do projeto de instalação do polo metal mecânico seja ameaçado pela celeridade de projeto idêntico, em execução do Estado do Ceará.
A diretoria da ACIM volta agora as atenções para tentar tornar mais ágil não apenas a viabilidade da hidrovia, como, principalmente, a implantação da Alpa. Sem essa siderurgia, o polo metal mecânico não se viabiliza.
Estudos indicam que os mercados das regiões Norte-Nordeste, segundo Ipojucan, comportam apenas uma siderurgia das dimensões da Alpa – que disputa esse espaço com a de Pecém.
A seguir, entrevista de Ítalo concedida ao blog.
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Como a ACIM recebe a notícia da retomada do projeto de investimentos do governo federal na derrocagem do canal do Lourenço?
Com euforia, afinal, é o desfecho positivo de uma luta em que a ACIM se dedicou integralmente. Desde maio de 2011, ações no sentido de mobilizar a classe política e sensibilizar o governo federal para a necessidade de restabelecer os investimentos. não deram trégua. Uma ação que exigiu empenho de vários atores, uma vitória de todos.
Quais ações efetivas a ACIM empreendeu no sentido de reivindicar o retorno dos investimentos no pedral?
De início, demonstramos, através de publicação de artigos, a imperiosa necessidade da derrocagem para o desenvolvimento da região. Esse movimento tinha por objetivo dar conhecimento à população e envolvê-la no debate. Contatamos diversos políticos da bancada do Pará, buscando apoio às ações da ACIM e o seu envolvimento na condução desse processo junto ao governo federal. Algumas ações fizemos em Brasília, outras em Belém e Marabá.
Realizamos um dia de debates na sede da câmara municipal, com a presença da ADECON – Agência de Desenvolvimento do Corredor Centro Norte, ANTAQ – Agência Nacional de Transportes Aquaviarios , DNIT através da sua Diretoria de Transportes Aquaviários , Governo do Estado e sociedade civil.
Desse encontro, nasceu a CARTA DE MARABÁ, documento que destacava a importância da hidrovia no cenário econômico nacional e regional. Também dava ênfase ao reconhecimento dessa importância pelo próprio governo federal, nas falas do então presidente Lula, ministra Dilma e do ministro dos Transportes, por ocasião da inauguração das eclusas de Tucuruí.
Protocolado em diversos ministérios, dentre eles o do Planejamento, certamente esse documento foi o de maior contextualização do problema, de forma a dar ciência aos agentes do governo federal dos impactos dessa medida.
Alertamos o governo estadual, da ameaça aos projetos do estado, a suspensão da obra. Na ocasião, na sede da Sinobrás, solicitamos uma ação de governo do estado junto ao governo federal. Essa ação resultou nas mais importantes incursões da classe política e empresarial a Brasília. Nas duas reuniões, uma com o Ministro dos Transportes e, por último, com a Ministra do Planejamento, Miriam Belchior, liderados pelo Governador do Estado Simão Jatene, a comitiva buscou sensibilizar a ministra e por extensão à presidente, da necessidade da derrocagem – o que culminou com o anuncio dessa 4a.feira, dia 20.
E agora, quais os próximos passos ou ações?
Vamos acompanhar as ações do DNIT, de forma que a materialização do anúncio feito pela Miriam Balchior se concretize. Essa obra é a janela de oportunidades que o Pará precisa e necessita de celeridade na sua execução.
Qual é essa janela de oportunidades e por que a celeridade?
Com a navegação, fecha a configuração do eixo multimodal de transporte em Marabá. Esse movimento possibilitará que diversas ações possam se concretizar. Com ALPA , SINOBRÁS e ALINE, será possível estabelecer um polo industrial do setor metal mecânico. Visitamos recentemente outras regiões em que indústrias similares se instalaram e verificamos como a diversificação da base produtiva se processa, levando consigo o desenvolvimento e agregação de valores à cadeia produtiva do minério .Esse polo estimulará a configuração de Marabá como um centro especializado na prestação de serviços, transferência de conhecimento, inovação tecnológica dentre outros.
A logística oportuniza vantagens competitivas para o setor produtivo. Várias empresas prospectam Marabá em função da hidrovia. Empresas como Ferros, Buritirama, Brasil Mineral, Anglo America, Sidepar, Vertical, Colossus, certamente terão a navegação como alternativa de transporte de seus produtos e insumos, são novos mercados, novas oportunidades.
Por que da celeridade?! O Investimento que oportuniza o cenário metal mecânico descrito, é o projeto ALINE e sua laminação. Informações técnicas nos posicionam que mercado do Norte e Nordeste só acomoda uma indústria desse tipo.
O Grupo espanhol Añon, anunciou investimentos de R$ 1 bilhão para construção de uma laminadora no Ceará. A instalação dessa planta é apontada pelo governo cearense como essencial para consolidar um polo metal mecânico por lá. Nesse investimento o estado do Ceará terá 10% de participação no empreendimento. O projeto já está pronto, suas obras previstas para iniciar ainda este ano e conta com um significativo pacote de incentivos do governo cearense.
A celeridade é em virtude desse fato ameaçar seriamente nossas pretensões. Temos que ser ágeis, o que por aqui não é fácil.
Anônimo
27 de março de 2012 - 14:43É a garantia de altos contratos que fazem os empresários e políticos falarem de mansinho com a vale.
concordo com vc Junior, todo mundo fazendo rodeios para chegar num ponto, se a vale não quiser não sai.E ela não quer , não tem interesse de investir no projeto ALPA.
O resto é só palanque.
Júnior
26 de março de 2012 - 15:31Seria necessário que a ACIM “peitasse” a VALE, o que não ocorre em hipótese nenhuma. No pronunciamento do senhor Ítalo Ipojucan, na última sessão na Câmara em que foi debatido o tema ALPA, me deixou perplexo com a subserviência a VALE que o empresário tem. Em nenhum momento, repito, em nenhum momento, fez qualquer discurso para pressionar a mineradora maior empenho e celeridade ao empreendimento. Expôs apenas, os problemas ocorridos pelo não cumprimento de obras dos GOV. Fed. e Estadual. E quanto a VALE? que arruma uma desculpa atrás das outra para não tocar o projeto: Lote 11, hidrovia, anexo da transamazônica, enchente, a morte da bezerra… Verdade é: Deveria ter feito apenas uma pergunta: Vocês querem, e mais vão fazer a obra? Se a resposta fosse sim. Então por que arrumam essas desculpas esfarrapadas. Já que o próprio Jose´Sóares, presidente da ALPA, disse por diversas vezes, em várias reuniões que, não havia a necessidade da hidrovia para a instalação da ALPA. Prejudicaria apenas o POLO metal-mecânico.
No mais, fico alegre, como bom marabense, com esse anúncio. Mas duvido que a ALINE saia primeiro que a laminadora do Ceará. Isso também deveria estar às claras, contudo, ainda ficam iludindo a população. ALINE aqui! esquece!
A hidrovia, caso saia do papel, trará desenvolvimento para a nossa região, transportará outro tipo de carga além da matéria prima da ALPA.
Não acredito no polo metal-mecânico.
anônimo filho de Marabá
26 de março de 2012 - 10:58Caro Itálo,
Ao ler sua entrevista sobre a alpa, me vem uma pergunta. Será, que vale a pena, pra nos marabaenses, ve-lo, envolvido na proxima campanha politica, como candidato a Prefeito de Marabá ? Nós, não corremos um risco, de perdermos essa batalha, que voce trava sobre a ALPA, com seu possivel afastamento para se candidatar ? Amigo, são raros, nos dias atuais pessoas como voce, que diuturnamente, vive em função de trazer pra Marabá e região, emprendimentos, que irão alavancar, ainda mais, nossa economia, trazendo juntos mais empregos pra nossa gente. Longe, de querer desistimular voce, pela disputa para nossa prefeitura ! Pense bem, antes de tomar essa decisão; Que considero muito complexa, levando em contas, seu valor para nós MARABAENSES, empresários ou não, que precisam de gente como voce. Parabéns, por tudo que tens feito, em beneficio de nossa gente.