O tema merece dimensionamento editorial. O município de Marabá tem estrutura financeira para aplicar uma agenda básica de saúde no atendimento à sua população, mas a partir do momento em que a Justiça determina a prisão de um secretário municipal por não fornecer medicamento a um necessitado, é porque a coisa vai de mal a pior.
Enquanto amigos e parentes de Pedro Corrêa corriam ao Centro de Recuperação, onde ele se encontrava preso, para hipotecar-lhe solidariedade, este poster seguiu caminho inverso, localizando Cláudio Werneck, portador da Síndrome de Crohn. Somente ouvindo-o podemos medir com segurança o estado emocional de alguém dependente de medicamentos controlados, sem garantia de tê-los. Há uma distância espacial entre o real e o ilusório. Entre o Céu e a Terra. Mistura de tudo: descrença na vida, revolta, misto de insano e lógica. Impossível não comover-se com alguém possuidor de história de vida amarga, bondade contagiante, humildade e inocência raríssima. À falta do medicamento, tudo se aflora do rapaz.

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Impossível aceitar os argumentos da prefeitura de que o medicamento faltou nas mãos do paciente “porque os fornecedores locais ficaram sem o produto”. Como também engolir o que disse Pedro Corrêa ao garantir a abertura de nova licitação para manter o remédio em estoque. E por que não fez antes?!A realidade ridícula faz-me, sem muito esforço, observar emocionalmente o que agoniza Werneck, me agonizando também. Deveria haver uma legislação universal divina para acabar com essas inatitudes desprezíveis, fazendo com que algumas pessoas não apenas desejassem fazer as coisas, mas que as concretizassem!
Infelizmente, esta percepção aguçada e absorção do que me envolve, são demasiadas desesperadoras por muitas vezes. Quero a salvação, a justiça, o benefício a quem merece. É o mínimo! Afinal, em verdade, não tenho nem 1% da habilidade necessária para elucidar em palavras tudo o que quero de bem para os outros