Vi quando ele riu pra mim ao observá-lo, atentamente, descendo a ladeira de Xambioá, atraído pelo cheiro do rio.
Alheio aos preconceitos, o menino de todos os dias na ribanceira tirava tiúba, fazia tchibum, permanecendo segundos eternos no fundo do Araguaia, para emergir risonho, serelepe, com seus olhos de chocolate.
Perto dele, ao lado de outra lavandeira, a mãe negra batia roupa na tábua engelhada pelo tempo, de olho no preconceito que lhe segue desde a nascente. Dentro de seu coração de Mama África, com certeza a dor não passa, mas talvez tenha aprendido a sobreviver dispersa na periferia.
Eu vi, com meus olhos brancos de vergonha, um lindo menino de olhos marrons se enroscando nas águas do Araguaia.
Hiroshi Bogéa
21 de novembro de 2008 - 15:1711:26 AM de alma generosa.
Hiroshi Bogéa
21 de novembro de 2008 - 15:1611:25 AM, boa pegada. Com cheiro de água benta do Araguaia.
Um abraço.
Anonymous
21 de novembro de 2008 - 14:26Grande poeta, coração de ouro.
Anonymous
21 de novembro de 2008 - 14:25O Araguaia acolhe a todos, indiferente às indiferenças dos homens.
A infância é a capa isolante do preconceito.
Mas o que fazer se as pessoas teimam em manter-se ignorante?