Ficou difícil. Toda vez que Cunha passar na porta do TCE, a partir de agora, vai enxergar o corvo de Poe a lhe dizer “nunca mais”.
Cunha bate à porta da falência política. Espatifou o decôro parlamentar, e sua salvação levará, obrigatoriamente, toda a Assembléia com ele, o que não será difícil, inédito ou anormal, tendo em vista os parâmetros elásticos da normalidade legislativa.
Ante o acontecido, a reação de parte de seus pares ultrapassou em muito os limites da ética, mostrou-se não republicana, temerária, e abusadamente intimidatória ao tenta avacalhar a imprensa, negar os fatos, ludibriar a opinião pública, dizendo não ao desejo e o direito da sociedade de uma representação honesta e responsiva aos eleitores, tentando esconder a esbórnia que campeia nas atividades políticas.
Deve o procurador eleitoral José Augusto Potiguar esmigalhar a desastrada armação.
E a sociedade paroara precisa aumentar as lentes sobre essa Assembléia de Coleguismo, perigosíssima, que não hesita em reiterar péssimos exemplos de representação, assustando e envergonhando o estado e seus cidadãos.
Oscar Wilde tinha razão. Não há moral numa ilha.
Os seis últimos parágrafos do post A Ilha, de Juvêncio Arruda, sintetizam o tipo de representação política a povoar o Legislativo de nosso Estado.
Uma relação amistosa entre compadres.
João Salame
5 de março de 2008 - 15:31Hiroshy
Você me conhece. Não costumo fugir das polêmicas. Para o bem e para o mal.
A prática de assinar documentos com data retroativa é comum em todas as plagas. É próprio de uma gente acostumada a perder prazos. Nos sindicatos, nos meios acadêmicos, no meio político, no meio empresarial, etc.
Não foi essa a motivação da ação do vereador denunciante no imbróglio envolvendo o deputado Luiz Cunha. A motivação era a irritação por não conseguirem cassar o prefeito de Viseu.
Tanto é verdade que no processo de cassação do vereador Nilson não existe nenhuma defesa do mesmo usando a questão dos prazos de desfiliação. Ele construiu sua defesa na tese da Justa Causa. Tanto que o TRE o absolveu.
O deputado Adamor explicou isso de maneira cristalina da tribuna da Assembléia. Registre-se, Adamor não tem nenhuma relação de amizade com o Luiz Cunha e foram adversários na mesma região. Por esse motivo fui solidário com ele.
Fui solidário com o deputado Luiz Cunha, que foi vítima de uma armação calhorda do vereador que era seu amigo, frequentava sua casa, e utilizou do expediente de uma gravação clandestina, sem autorização judicial, induzindo-o, para implicá-lo.
Em nome da defesa da ética não podemos transigir na questão dos métodos. Senão passamos a admitir que, em nome da lei, é válido qualquer método para a obtenção de provas.
O caminho correto é o da denúncia ao Ministério Público,a solicitação de autorização judicial para gravações, etc.
Se os deputados tiverem culpa que sejam acusados, julgados e condenados num processo legal.
Mas, da forma como foi feita a armação, reafirmo minha solidariedade ao Luiz Cunha, que tem uma história de vida coerente e de seriedade.
Atenciosamente,
João Salame