Antes de chegar a Vila Arco-Íris, mais precisamente 20 km após Dom Eliseu, ao pé de imensa ladeira, placa com inscrições quase ininteligíveis anuncia que ali morreu o engenheiro Bernardo Sayão (na foto, com Juscelino). O lugar é bastante conhecido por motoristas de caminhões que trafegam pela Belém-Brasília.
Particularmente, o blogger sente verdadeiro fascínio pela vida de Bernardo Sayão, a tal ponto de estar em seus planos escrever algo sobre ele ou produzir algum documentário contando a epopéia da construção da rodovia que tirou de toral isolamento o Norte do país.
Newton Ferraz é um topógrafo dos mais competentes que trabalhou quase 40 anos no DNER ajudando a construir diversas rodovias brasileiras. Casado com tia do poster, ele conta histórias impressionantes das adversidades vividas pelo engenheiro Gerente de Construção da BB, numa fase em que a Engenharia não dispunha de tecnologia e nem ferramentas para alinhamento de traçados -, muito menos de maquinários para evoluir a obra enfentando as intempéries encaradas por Sayão. “Mesmo assim, ele conseguiu desenhar e abrir uma rodovia moderna, numa região onde a floresta e as serras altíssimas eram seus principais adversários”, diz Newton.
Juscelino teve a coragem de enfrentar a classe política do Sul contrária a construção da Belém-Brasília, como eles ainda hoje continuam sendo contrários às grandes obras federais na Amazônia.
Bernardo Sayao teve a competência e coragem para construir a Belém-Brasília, obra priorizada como sua meta de vida – acima da família. Vivia cerca de dez meses na floresta e o restante do ano, vendo a família, vez por outra, alternadamente.
Ao invés de uma placa com inscrições apagadas pela ação do tempo, Bernardo Sayão Carvalho de Araújo merece um monumento, exatamente bem no local onde uma árvore tirou sua vida, a 15 de janeiro de 1959. Para revigorar os 50 anos de sua morte, bem que Ana Julia poderia tentar uma parceria com os governos federal e estadual de Goiás, Tocantins e Maranhão, encomendando a Oscar Niemayer (quem sabe sua ultima grande obra para homenagear o grande amigo que foi dele Sayão), um projeto dessa envergadura.
E que ninguém venha justificar o injustificável da obra afirmando existir homenagem a ele que é a própria Belém-Brasília batizada de Bernardo Sayão. O que vale é um monumento no local onde ele morreu, cercado de árvores, como fonte de contemplação ao grande espaço desvendado que foi o Norte do país.
Adalberto
3 de fevereiro de 2008 - 20:52Mestre Hiroshi,
também andei pensando em escrever até um livro sobre Sayão, para celebrar sua memória no cinqüentenário de sua morte.
Temos tão poucas personalidades ilustres em nossa história, que é injusto deixarmos de avivar a lembrança para os que muito fizeram pela região.
Como estou neste ano empenhado na publicação de dois livros que demandam muita pesquisa, rogo-te que encare essa missão, escrevendo um livro.
Eu garanto a publicação, pela Ética Editora (Imperatriz, MA).
Adalberto Franklin
adalberto.franklin@gmail.com
Hiroshi Bogéa
3 de janeiro de 2008 - 15:15Ricardo, assim caminha a humanidade. Mas há saídas. Há saídas.
Abs
ricardo aracati
3 de janeiro de 2008 - 11:35Prezado Hiroshi, realmente e uma pena o descasso que fazemos daqueles que merecem…