Para observadores atentos à atividade parlamentar, a missa pode ter sido encomendada.
Pode? Pode!
Na manhã de segunda-feira, 3, expectativa de comportamento constrangedor no plenário da Assembléia Legislativa, ainda no rescaldo do incêndio provocado pela denúncia do Diário do Pará, 24 horas antes, contra dois parlamentares. Mas a “bomba” transforma-se em “bombinha”de São João.
Sem jamais duvidar do depoimento do nobre deputado Carlos Bordalo (PT) e de sua preocupação para com os seus, é no mínimo dissimuladora a seguinte frase dele, da tribuna, depois de denunciar a tentativa de assassinato de sua ex-esposa:
– O fato é gravíssimo, mas se a cada ação de nosso mandato como deputado, nós sofrermos esse tipo de coação, é melhor fechar o parlamento.
Pode ser? Pode.
Depois surge Martinho Carmona (PMDB) sugerindo a suspensão da sessão, “para os deputados discutirem que providências a serem tomadas”.
Ora, “as providencias a serem tomadas” já estavam nas mãos do secretário de Segurança, Geraldo Araújo, comunicado previamente da gravidade da situação, ele e a governadora, segundo o próprio Carlos Bordalo.
Há quem tenha visto nessa postura do deputado evangélico – cobra criada em assuntos dessa coloração -, a senha para todo mundo se arvorar no gabinete da presidência e acalmar a segunda-feira que prometia não ser das mais singelas.
Pode ser? Pode.
Finalmente, mais criada do que todas as cobras, o presidente Domingos Juvenil (PMDB):
– Diante do quadro gravíssimo da segurança pública em nosso Estado, a Assembléia Legislativa está devolvendo 40 policiais militares que estão à disposição deste poder para contribuir com as ações de segurança no Pará. Vamos estudar uma ação, ver o que é possível fazer para assegurar a segurança do deputado Carlos Bordalo e dos demais parlamentares.
E todos saíram atônitos, em busca da primeira porta aberta no corredor.
Pode ser? Pode.
Ah, antes de fechar o pano, Juvenil quase chora, em lamentações:
– Apesar disso, ainda há setores da sociedade que não compreendem essas situações e acusam o parlamento de ter privilégios.
O Pará não merece isso. Não merece, não!