O cantor e compositor Cleuber Martins acaba de lançar mais um álbum com músicas inéditas.

“Cancão de Fogo” chega ricamente  trabalhado no entorno dos cenários que fazem o dia a dia de Clauber Martins um pedaço da Amazônia, ainda não cantada.

Os dez títulos autorais do álbum são mais uma prova do quanto Clauber pulsa nossas terras, nossas gentes, nossas almas que se preocupam com “o violão de Deus”, conforme ele canta em “Sol no Violão de Deus”.

O olhar cancioneiro de Martins vaga sem fronteiras, percorrendo em saudações graciosas as belezas de nossas paragens, paralelamente fazendo denúncias da destruição, pela mão do homem,  de tantas cores.

“Pequenos Homens” é uma dessas  canções de  Clauber onde  de pode medir a extensão da hipocrisia e ambientes pesados, povoados de homens falsos, paus-mandados do sistema pervertido a dominar o país.

“Pequenos Homens” ratifica, poeticamente,  aquilo que Belchior pronuncia com tanta sabedoria:  “sons, palavras são navalhas”

Clauber, também em sua belíssima canção, quer que o seu “canto torto, feito faca, corte a carne de vocês”.

Um trecho da canção:

“Pequenos homens perfilhados pelo medo balbuciam falsos contos por não terem o que falar, dizem-se grandes fingindo saber segredos que garantem permanência no meio dos marajás (…) Ficam irados se chamados de capachos, esbravejam e se dizem ofendidos, mas todos sabem que eles são só muitos machos quando estão entrincheirados na capa do pervertido”.

Ou seja, o sentido não apenas de punção da palavra, mas de corte mesmo – ocorre em muitos passos das músicas de Clauber – e no ambiente geral da música que normalmente quer ser mais universal, aparece esse dado de nordestinidade, sem nenhuma ênfase, lá colocado, uma cor na coloratura geral que a musica pretende ter.

Assim como a imortal  “A Palo Seco de Belchior,  “Pequenos Homens” é uma definição absolutamente seca no sentido mais profundo da palavra, direta, cortante.

A belíssima e segura voz de Olirya Martins,  mulher de Clauber, é outra referência da obra de nosso cantador maranhense, agora adotado como filho marabaense.

“Cantoria e Cantador” tem seus versos entremeados pelas duas vozes da família Martins:  “A noite era miúda não cabia o nosso amor/ E a Lua Nova pastorava o carrossel/ a gente misturava cantoria e cantador distribuindo pirilampos pelo céu/ E num suspiro a noite foi desmantelando o sol chegando começou a clarear/  os passarinhos no maior desassossego e esse chamego pra ter hora pra acabar”

Um álbum pra gente chamar de “meu”, tanta belezura em suas entranhas: assim pode ser definido, num resumo preguiçoso, “Cancão de Fogo”.

Para ouvi-lo, basta acessar qualquer plataforma digital:  Spotify, Apple Music, Deezer, iTunes story, Amazon Music, Tidal, Pandora, Napster, e por aí vai.

 

COISAS DE CANTADOR

Em texto publicado no excelente Blog do Kenston, dias atrás, eu já tinha feito uma análise do álbum anterior de Clauber Martins (Coisas de Cantador), que pode servir de referência comparativa das duas maravilhosas obras.

No “Coisas de Cantador”, Clauber tem a participação de consagrados compositores e autores nacionais,  entre eles Nilson Chaves e Xangai, numa demonstração do quanto o talento de Martins atrai atenções e interesse em compartilhamento de cantos.

Para ler o texto  “Um cantador… e eu: todo ouvidos” basta ir lá no blog do Kenston.

 

 

 

 

 

 

Clauber Martins