Ricardo Noblat, à visão dele impregnada de preconceito e parcialidade, disse que falta a Lula “caráter, nobreza de ânimo, sentimento, generosidade”, desde que Luiz Inácio decidiu eleger Dilma Roussef, Presidente da República.
De bate-pronto, um aposentado lá da cidade mineira de Além Paraíba, mandou ver, desnudando o ardil e a perfídia da mídia golpista, que nos últimos meses tem se dedicado a incinerar seus Manuais de Redação, para vergonha de toda uma geração de jornalistas.
Carlos Moura é o nome do cidadão brasileiro responsável por um dos textos mais emocionantes produzidos pela alma brasileira.
Pelo homem verdadeiramente do povo.
Carlos Moura expressa o que a maioria dos brasileiros está sentindo.
Vamos à carta do mineiro bom de briga:
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Noblat
Quem é você para decidir pelo Brasil (e pela História) quem é grande ou quem deixa de ser? Quem lhe deu a procuração? O Globo? A Veja? O Estadão? A Folha?
Apresento-me: sou um brasileiro. Não sou do PT, nunca fui. Isso ajuda, porque do contrário você me desclassificaria, jogando-me na lata de lixo como uma bolinha de papel. Sou de sua geração. Nossa diferença é que minha educação formal foi pífia, a sua acadêmica. Não pude sequer estudar num dos melhores colégios secundários que o Brasil tinha na época (o Colégio de Cataguases, MG, onde eu morava) porque era só para ricos. Nas cidades pequenas, no início dos sessenta, sequer existiam colégios públicos. Frequentar uma universidade, como a Católica de Pernambuco em que você se formou, nem utopia era, era um delírio.
Informo só para deixar claro que entre nós existe uma pedra no meio do caminho. Minha origem é tipicamente “brasileira”, da gente cabralina que nasceu falando empedrado. A sua não. Isto não nos torna piores ou melhores do que ninguém, só nos faz diferentes. A mesma diferença que tem Luis Inácio em relação ao patriciado de anel, abotoadura & mestrado. Patronato que tomou conta da loja desde a época imperial.
O que você e uma vasta geração de serviçais jornalísticos passaram oito anos sem sequer tentar entender é que Lula não pertence à ortodoxia política. Foi o mesmo erro que a esquerda cometeu quando ele apareceu como líder sindical. Vamos dizer que esta equipe furiosa, sustentada por quatro famílias que formam o oligopólio da informação no eixo Rio-S.Paulo – uma delas, a do Globo, controlando também a maior rede de TV do país – não esteja movida pelo rancor. Coisa natural quando um feudo começa a dividir com o resto da nação as malas repletas de cédulas alopradas que a União lhe entrega em forma de publicidade. Daí a ira natural, pois aqui em Minas se diz que homem só briga por duas coisas: barra de saia ou barra de ouro.
O que me espanta é que, movidos pela repulsa, tenham deixado de perceber que o brasileiro não é dançarino de valsa, é passista de samba. O patuá que vocês querem enfiar em Lula é o do negrinho do pastoreio, obrigado a abaixar a cabeça quando ameaçado pelo relho. O sotaque que vocês gostam é o nhém-nhém-nhém grã-fino de FHC, o da simulação, da dissimulação, da bata paramentada por láureas universitárias. Não importa se o conteúdo é grosseiro, inoportuno ou hipócrita (“esqueçam o que eu escrevi”, “ tenho um pé na senzala” “o resultado foi um trabalho de Deus”). O que vale é a forma, o estilo envernizado.
As pessoas com quem converso não falam assim – falam como Lula. Elas também xingam quando são injustiçadas. Elas gritam quando não são ouvidas, esperneiam quando querem lhe tapar a boca. A uma imprensa desacostumada ao direito de resposta e viciada em montar manchetes falsas e armações ilimitadas (seu jornal chegou ao ponto de, há poucos dias, “manchetar” a “queda” de Dilma nas pesquisas, quando ela saiu do primeiro turno com 47% e já entrou no segundo com 53 ) ficou impossível falar com candura. Ao operário no poder vocês exigem a “liturgia” do cargo. Ao togado basta o cinismo.
Se houve erro nas falas de Lula isto não o faz menor, como você disse, imitando o Aécio. Gritos apaixonados durante uma disputa sórdida não diminuem a importância histórica de um governo que fez a maior revolução social de nossa História. E ainda querem que, no final de mandato, o presidente aguente calado a campanha eleitoral mais baixa, desqualificada e mesquinha desde que Collor levou a ex-mulher de Lula à TV.
Sordidez que foi iniciada por um vendaval apócrifo de ultrajes contra Dilma na internet, seguida das subterrâneas ações de Índio da Costa junto a igrejas e da covarde declaração de Monica Serra sobre a “matança de criancinhas”, enfiando o manto de Herodes em Dilma. Esse cambapé de uma candidata a primeira dama – que teve o desplante de viajar ao seu país paramentada de beata de procissão, carregando uma réplica da padroeira só para explorar o drama dos mineiros chilenos no horário eleitoral – passou em branco nos editoriais. Ela é “acadêmica”.
A esta senhora e ao seu marido você deveria também exigir “caráter, nobreza de ânimo, sentimento, generosidade”.
Você não vai “decidir” que Lula ficou menor, não. A História não está sendo mais escrita só por essa súcia de jornais e televisões à qual você pertence. Há centenas de pessoas que, de graça, sem soldos de marinhos, mesquitas, frias ou civitas, estão mostrando ao país o outro lado, a face oculta da lua. Se não houvesse a democracia da internet vocês continuariam ladrando sozinhos nas terras brasileiras, segurando nas rédeas o medo e o silêncio dos carneiros.
Carlos Torres Moura
Além Paraíba-MG
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É isso aí.
Show!
Você começa e não consegue parar de ler. Pena que acaba!
Forte candidato a case na história a ser contada sobre as práticas do bonde da Dona Judith (Maria Judith Brito, presidente da Associação Nacional dos Jornais), nas eleições de 2010.
O blog até sugere que o texto do brasileiro aposentado passe a ser tratado como divisor de águas nas práticas jornalísticas em vigor no Brasil. Pelas sua clareza, oportunidade e sensatez, merece tal distinção e a mais ampla divulgação possível.
Carlos Torres Moura chega para ajudar a superar a trama diabólica urdida pelo PIG, pelo homem sem escrúlupos que se diz “do bem” e pelos seus jornalistas de estimação.
Derland
5 de fevereiro de 2011 - 09:50Seu blog e excelente, seus textos também são ótimos, vou tentar me inspirar no seu blog para melhorar o meu, se quiser depois e só da uma olhada o link ta logo a baixo: http://derlandreflexivo.blogspot.com/
Anonymous
28 de outubro de 2010 - 13:09Caro amigo Hiroshi,
peço permissão sua para publicação dessa pérola na edição 889 do Jornal Correio do Pará.
Abraços
Flávio Sacramento
Anonymous
28 de outubro de 2010 - 11:52ÉGUA CARLOS TORRES, FOSTES PAIDEGUA.EI HELIO BICUDO, AQUI NO NORTE TEMOS A CERTEZA QUE NÃO EXISTE REMÉDIO PARA DOR DE COTOVELO MANO. DIA 31 É 13 EM DOBRO, 13 DA DILMA E 13 ANA JULIA, VAI SER DE VIRADA PRA SER MAIS GOSTOSO.
Anonymous
28 de outubro de 2010 - 01:15Caro amigo,que destreza esse meu conterraneo tem para valorizar os feitos do Presidente Lula,onde esse ex Presidente do Pt,achou essa pérola,com todo respeito ao seu passado meu amigo,esse País ta dando certo,a auto estima do povo ta pra cima,vá choramingar por outras bandas. ROBERTO RUAS…ABRAÇOS
Mural de Marabá
27 de outubro de 2010 - 20:45Uma cacetada!
Santiago Itaituba-Pa
27 de outubro de 2010 - 19:27Brasileiras e Brasileiros, essa carta, é uma carta que fala por todos que estão indignados com essa
imprensa Golpistas!O troco será ns urnas DILMA PRESIDENTE!!!
Anonymous
27 de outubro de 2010 - 17:16"Eu voto Serra no segundo turno porque não há escolha. O Serra é um homem competente, é um homem sério, eu nunca soube absolutamente nada contra o passado do Serra".
"A alternância de poder é uma característica da democracia"
"Se nós deixarmos que a candidata Dilma vença, essas eleições, nós vamos ter aqui no Brasil um sistema mexicano".
Hélio Bicudo – Fundador do PT e vice de Marta Suplicy(2001-2004)