O que me traz aqui é um desejo profundo de descobrir esse país intrigante e aprender com os afegãos comuns como ainda conseguem levar a vida em um país mergulhado em conflitos contínuos há pelo menos 30 anos, com uma economia baseada em ópio e nos negócios gerados pela guerra, como serviços de segurança e dinheiro para ajuda humanitária. Mais de 70% da população não sabe ler ou escrever sequer o próprio nome. Se você está na faixa dos 40 neste país, é um velho: a expectativa de vida é de 42 anos.
O que ela descreve em seu blog, como num diário, estarrece qualquer um:
O jornalista afegão que estava no mesmo vôo que eu para Cabul me liga gentilmente mais tarde para perguntar se já estou bem instalada e me sentindo ‘segura’. Ele me conta que, depois do aeroporto, passou em casa para deixar as malas, antes de ir para o escritório, e saber das novidades pela mãe, os três irmãos, duas irmãs, a mulher e a filha. As notícias não foram boas. Uma prima, jovem e cheia de vida, estava entre as vítimas de um ataque suicida
Duas outras meninas conhecidas da família, também de Kandahar, tiveram o rosto deformado por ácido jogado em seus rostos miúdos por militantes Taliban, para preveni-las de ir à escola. “Você sabe, Adriana, são essas coisas que me deixam triste sobre viver e trabalhar aqui. Sempre há notícias, mas elas nunca são boas. Assim é a vida no Afeganistão”.