Dantas, ex-mateiro a serviço do Exército para localizar guerrilheiros nas matas do Araguaia, chegou a assistir sessões de torturas comandadas pelo “doutor Curió”, codinome de Sebastião Curió.

Presenciou três na Bacaba (núcleo de amassa-culhão localizado no Km 60 da Transamazônica, sentido Marabá-Araguaia) e duas em Xambioá, do outro lado do rio.

Incrédulo, num final de tarde, sentado num banco, viu a guerrilheira Áurea desafiar Curió em plena audiência de terror.

Porradas. Choques. Aperta-peitos -, ´técnica´ usada para pressionar bicos dos mamilos femininos com um tipo de presilha de chumbo.

Longas noites de pesadelos até hoje lhe despertam.

Suado, ele acorda, e lembra dos olhos revirados de Áurea, aos gritos, encarando o atual prefeito de Curionópolis.

As palavras da jovem ainda estão a lhe perturbar na memória.

– Dedo-duro covarde. Covarde. Corno. Chifrudo. Me dá um revólver com balas que te mostro quem é mulher!


Rever a Lei de Anistia? Não.

Rever princípios. Cobrar ética do voto. Sustar muitos açougueiros ainda na vida pública.