Desalentadora a reunião, segunda (7), de madeireiros do Sudeste. A classe entende que a nomeação de Norberto Souza, atual chefe de Fiscalização do órgão, para a superintendência do Ibama no Pará, enterrará de vez qualquer possibilidade do setor obter espaço para desenvolver suas atividades. Como o instituto terá a missão específica de aprovar e liberar licenciamento ambiental na nova configuração que está sendo dada a ele em Brasília, os empresários acham que o caminho agora é fechar tudo e vender os equipamentos como ferro velho.
Citada na imprensa como protetora política de Norberto Souza, a deputada Bernadete Caten (PT) foi muito criticada durante a reunião.
hiroshi
11 de maio de 2007 - 00:35Nego Véi, senti firmeza nos dados. Adoro quando tu roubas um pouco teu tempo da labuta para a realizaçào de pesquisa do gênero. Só pra ilustrar experiencia real: quando eu tinha 13 anos de idade, meu pai João Bogéa me colocava na “garupa” de uma burra chamada “Meia-Branca”(claro, a garupa forrada com coxinil era a parte traseira do dorso do animal, fora da sela), minha mãe em outro burro, e saíamos de Marabá até perto do Refúgio dos Pecadores, lá no alto igarapé Cardoso, onde hoje é o município de Xinguara. Ali meu velho tinha um castanhal chamado “Nova Descoberta”. A não ser nas aberturas bem pequenas onde ficavam os barracões de cada “colocaçào” – de Marabá até lá era pura floresta de castanhais, que a gente fazia em cinco dias, parando a noite para descansar. No percurso, descíamos várias vezes dos animais para apanhar jabotis que zanzavam pelas pinicadas, era rotina apreciar os animais silvestres e selvagens que passavam correndo, bando de caititus e porcões-do-mato. Evitávamos também fazer alguns trajetos em determinadas épocas do ano para não correr o risco de ser atingidos na cabeça pelo baque fatal de ouriços de castanha.
Fui lembrando aqui, lembrando, e a saudade expulsou lágrimas de meus olhos.
Quaradouro
10 de maio de 2007 - 02:58Entre 1974 e 1988, 1,5 milhão de hectares apenas de floresta homogênea de bertollethia excelsa, a ex-castanheira-do-pará, viraram cinzas na fogueira dos fazendeiros ou tábua vagabunda para caixas de forma de concreto armado na mão das madeireiras. 1,5 milhão de hectares apenas de castanheiras.
Da floresta original que ia de Tucuruí a Conceição do araguaia, praticamente nada mais resta, a não ser “manchas verdes” assemelhadas ao que no Brasil Central chamam de “capão do mato”.
Dados científicos? Pois não. Pesquisadores da Embrapa amazõnia Oriental (Paulo Kitamura e hans Muller levantaram 1/4 da area produtora da região de Marabá e constataram uma queda de produção de castanha-do-pará em mais de 55% no período de 1978/1983. Essa queda, segundo esses atores, decorreu da redução da área de coleta em 11% da queda de produtividade, de 0,47 hctolitro por hectare (ht/ha) em 1978 para 0,23 hl/ha em 1983.
Entre as causas do extermínio vegetal, além das queimadas, “o esgotamento das madeiras nobres e a crescente demanda no mercado pela madeira da castanheira (…). Na extração da maneira, nem mesmo os “cadáveres” de castanheiras são dispensáveis” (Alfredo Kingo Homma e outros, junho/2000, “A destruição de recursos naturais: o caso da castanha-do-pará no sudeste paraense”).
Moral da história de terror: Quem não planta árvores, fecha suas madeireiras.