Um dos brasileiros mais inteligentes se foi.
Em uma semana, o país perdeu dois gênios: Chico Anísio e, agora, Millor Fernandes – um dos fundadores do Pasquim.
Algumas frases imortalizadas de Millor:
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– “Quando acordo de manhã tenho a certeza de que não morri de noite. E fico feliz com isso.”
– “ Estou escrevendo minha biografia. Mas ainda não decidi o final”
– “Ser gênio não é difícil. Difícil é encontrar quem reconheça isso.”
– “As pessoas que falam muito acabam sempre contando coisas que ainda não aconteceram.”
– “Se os seus princípios são rígidos e inabaláveis, você, pessoalmente, já não precisa ser tanto.”
– “Sexo CAUSA gente…”
– “Se todos os homens recebessem exatamente o que merecem, ia sobrar muito dinheiro no mundo.”
– “Você está começando a ficar velho quando, depois de passar uma noite fora, tem que passar dois dias dentro.”
– “Paz na terra aos homens de boa vontade. Isto é, paz para muito poucos.”
– “O homem é o único animal que ri e é rindo que ele mostra o animal que realmente é”
– “Não é segredo. Somos feitos de pó, vaidade e muito medo.”
– “Errar é humano. Ser apanhado em flagrante é burrice.”
– “Também não sou um homem livre. Mas muito poucos estiveram tão perto”
– “De todas as taras sexuais, não existe nenhuma mais estranha do que a abstinência.”
– “Uma mulher nunca é tão bela quanto já foi.”
– “ Quando fizerem minha autópsia encontrarão o Rio no meu coração.”
– “O capitalismo é a exploração do homem pelo homem. E o comunismo é exatamente o contrário.”
-“ Viver é desenhar sem borracha”.
– “Minha especialidade e meu orgulho – sou o maior leigo do país.”
– “ Sou carioca de algema.”
– “ Não há nada mais equivocado do que ter certeza”.
– “ O bom da gente ser pobre, triste, feio, doente e velho é que nada pior nos pode acontecer.”
– “ Muitos dão a vida por suas crenças. Nunca arrisquei a vida pelo meu ceticismo”.
– “ Está bem. Deus é brasileiro. Mas pra defender o Brasil de tanta corrupção só colocando Deus no gol.”
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Atualização às 14:05
Enviado pelo jornalista Eleutério Gomes, leitor e amigo do poster, poema de Millor Fernandes escrito em 1962.
Texto com a essência da criatividade de um brasileiro extraordinário, que muito contribuiu para ajudar a derrubar a ditadura militar com a sua presença diária na imprensa:.
Poeminha Última Vontade
Enterrem meu corpo em qualquer lugar.
Que não seja, porém, um cemitério.
De preferência, mata;
Na Gávea, na Tijuca, em Jacarepaguá.
Na tumba, em letras fundas,
Que o tempo não destrua,
Meu nome gravado claramente.
De modo que, um dia,
Um casal desgarrado
Em busca de sossego
Ou de saciedade solitária,
Me descubra entre folhas,
Detritos vegetais,
Cheiros de bichos mortos
(Como eu).
E, como uma longa árvore desgalhada
Levantou um pouco a laje do meu túmulo
Com a raiz poderosa,
Haja a vaga impressão
De que não estou na morada.
Não sairei, prometo.
Estarei fenecendo normalmente
Em meu canteiro final.
E o casal repetirá meu nome,
Sem saber quem eu fui,
E se irá embora,
Preso à angústia infinita
Do ser e do não ser.
Sol e chuva ocasionais,
Estes sim, imortais.
Até que um dia, de mim caia a semente
De onde há de brotar a flor
Que eu peço que se chame
Papáverum Millôr
(Millôr Fernandes – 1.6.1962)
MILHOR
28 de março de 2012 - 18:53Veja o que outro dia Milhor escreveu:
“E lá vou eu de novo, sem freio nem paraquedas. Saiam da frente, ou debaixo que, se não estou radioativo muito menos radiopassivo sou. Quando me senti para escrever, vinha tão cheio de idéias que só me saqem palavras gemeas, as palavras reco-reco, tati-bitati, coré-coré, tintim-por-tintim..”.
Este Milhor é simples e original a nos encantar em seus textos. Aliás, sabe porque ele se chama Milhor? Segundo uma antiga entrevista sua, foi o cartorário. Com a letra muito ruim, tinha que escrever Milton. O T saiu parecido com h e o n com r. Assim, nasceu Milhor.
Em Pirajú/Sp, na minha infância, tinha um barbeiro lá que colecionava o Pif-Paf, uma página publicada pelo Milhor, que ele recortava da revista O Cruzeiro e nela, Milhor desenhava, publicava frases impagáveis, versos, fazia e desfazia. Eu lia aquilo, com todo encantamento de um gurí..
Uma lágrima por Milhor..
Agenor Garcia
Jornalista