Mais uma de prima aqui no blog.
No parecer do Coema (Conselho Estadual de Meio Ambiente) favorável à concessão da Licença Prévia para a instalação da Alpa (Aços Laminados e Planos do Pará), no relatório de condicionantes, dá para observar claramente a obrigatoriedade do empreendedor (no caso, a Vale) implementar o chamado Programa de Inserção Regional da Empresa (PRIEMP), contendo diversos e importantes subprogramas que abarcam quase todas as reivindicações apresentadas pelo prefeito de Marabá e vereadores municipais, durante a Audiência Pública.
Durante reuniões do Coema, Maurílio Monteiro defendeu com determinação a inclusão dos itens agora praticamente aprovados. O chefe da Sedect, defensor apaixonado de construção da Alpa, mostrou aos conselheiros a importância do PRIEMP como fator de desestabilização de tensões sociais provocadas pelas repercussões do grandioso empreendimento.
Em seu parecer, o Coema enfatiza que o processo de licenciamento não se encerra com a concessão da Licença Prévia (LP). “Ao contrário, esta é apenas a primeira etapa do licenciamento do Projeto ALPA, que atesta sua concepção, localização e viabilidade ambiental, mas exige o cumprimento de todas as medidas previstas no EIA/RIMA e nas condicionantes estabelecidas pelo órgão ambiental e pelo COEMA para a efetiva implantação e operação do empreendimento, etapas essas que dependem, respectivamente, da concessão das futuras Licenças de Instalação (LI) e Operação (LO)”.
Documento alerta para a necessidade de acompanhamento da implantação de todas as “ações previstas no EIA/RIMA, nas condicionantes exigidas pelo órgão ambiental e as adicionadas pelo COEMA, razão pela qual, para manter o controle social exercido pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente – COEMA sobre o referido projeto, recomendamos também, como medida adicional, que a Sema e o empreendedor apresentem ao plenário deste conselho o cumprimento de todas as condicionantes por ocasião do pedido das próximas licenças ambientais (LI e LO) do Projeto ALPA.”
Para a comunidade de Marabá e região tomar conhecimento da extensão dos benefícios contidos no relatório de condicionantes, a seguir, resumo do que será aprovado nesta segunda-feira, 29, pelo Coema.
Praticamente, tudo o que foi solicitado pela população.
Leiam:
Obrigatoriedade da Vale implementar o Programa de Inserção Regional da Empresa – PRIEMP, envolvendo os seguintes subprogramas e ações:
Subprograma Infraestrutural:
– Adequar o Aterro de Marabá de acordo com as normas existentes e apoiar à aquisição de equipamentos para a operacionalização;
– Elaborar, em consonância com as prioridades do poder público, projetos executivos e apoiar institucionalmente a captação recursos junto ao Governo Federal e outras fontes de financiamento para a execução destes projetos, a fim de ampliar o atendimento dos serviços de saúde, educação, segurança e de infraestrutura urbana, de forma a universalizar os serviços de acordo com a demanda atual e futura.
Gestão Pública
– Apoiar a revisão do Plano Diretor de Marabá;
– Apoiar a implantação de Planta Genérica de Valores e Cadastro Multifinalitário;
– Apoiar o município no planejamento e melhoria de seus processos de gestão da saúde, educação, destinação dos resíduos sólidos, fornecimento de água e esgoto.
Educação
– Apoiar a ampliação da oferta de vagas e formação de cursos de em nível superior
– Promover Cursos Técnicos Profissionalizantes em parceria com instituições da sociedade civil ;
– Conceder apoio institucional para a constituição da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará;
– Construir Escolas de Ensino Fundamental.
Saúde
– Reformar e ampliar o Hospital Municipal de Marabá;
– Construir Postos de Saúde;
– Apoiar a ampliação do Programa Saúde da Família – PSF.
Segurança Pública
– Apoiar a implantação do Disque Denúncia;
– Realizar, em consonância com orientação , do poder público, de treinamento e capacitação para efetivos de segurança pública;
– Apoiar a aquisição de viaturas e equipamentos para segurança pública;
– Construir postos policiais.
Área Ambiental
– Realizar cursos de Educação Ambiental para as comunidades do entorno do projeto;
– Implantar o plano de preservação de quelônios no município de Marabá;
– Implantar ações de educação ambiental para pescadores do entorno do projeto;
– Criar um Parque Botânico em Marabá;
– Apoiar a Prefeitura de Marabá no projeto de arborização urbana.
Área Cultural
– Reformar o edifício da Câmara Municipal de Marabá e adequar para instalação de Centro Cultural;
– Patrocinar a elaboração de materiais gráficos que resgatem o patrimônio material e imaterial do município de Marabá.
Ciência e Tecnologia
– Apoiar implantação do Parque de Ciência e Tecnologia Tocantins (PCT Tocantins).
Geração de Renda
– Apoiar a implementação de plano voltado à agricultura para pequenos produtores;
– Apoiar a implementação de plano destinado à produção de alevinos.
Subprograma Capacitação, Esporte e Cultura
– Implementar, em parceria com organizações sociais, ações nas áreas de esporte, cultura e capacitação profissional.
– Discutir com equipe de entomologia da SESP a caracterização vetorial da área;
– Utilizar os dados concretos de Leishmaniose cutânea e Visceral, no município de Marabá, pois inclusive houve treinamento em Marabá e para os municípios do entorno nos anos de 2008 e 2009, em relação ao diagnóstico e tratamento;
– Atualizar os dados de malária no Município, pois os dados de 2007 são insuficientes para classificar o município como sendo de baixo risco para o agravo e retirar a malavra “maligna”, relacionada à malária falciparun, substituindo-a por grave;
– Apresentar os dados do georeferenciamento dos igarapés: Novilha, Sabrina e da Vila São José, para emissão do Laudo de Potencial Malarígeno das áreas do projeto;
– Apresentar programa de mitigação na área da saúde em relação à vacinação dos trabalhadores, Programas de doenças transmissíveis e não transmissíveis;
– Realizar o mapeamento das áreas dos alojamentos em relação o saneamento ambiental e vigilância sanitária.
– Apoiar a reestruturação da rede assistencial de saúde, educação, dentre outras, no município, considerando a demanda gerada pelo projeto ALPA.
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Sempre é bom lembrar que a última reunião do Coema será nesta segunda-feira, com a segurança de que o relatório será aprovado integralmente uma vez que a maioria dos conselheiros presentes à reunião de quarta-feira votou favorável a emissão da licença.
Aqui, na íntegra, parecer do Coema.
Thiago Campos
4 de fevereiro de 2011 - 10:42Nossa! O que tem-se visto atualmente nos processos de licenciamento ambiental é a oneração para o empreendedor relativo a questões de dever público. O empreendimento em questão não tem nada haver com o plano diretor da cidade ou qualquer outro problema que diz respeito à administração pública. Lógico que um empreendimento desta dimensão, exige-se uma série de medidas mitigatórias e compensatórias, indo de encontro ao que preceitua a legislação ambiental pertinente. Vamos repensar!
Anonymous
29 de março de 2010 - 01:41Pronto, cumpridas essas obrigações-exigências, falatará apenas passar a faixa de prefeito para o José Carlos. O que é isso, gente? A Alpa não pode fazer o papel do Estado. É claro que pode e deve sim dar sua contrapartida e uma contrapartida muito boa mesmo, mas, daí a assumir o papel da administração, pública… pelo amor de Deus!
Um abraço a todos!
Anonymous
27 de março de 2010 - 02:40Nossa!, que bom seria se isso virasse realidade, a Licença Ambiental vai ser concedida sim, é muito dinheiro envolvido, mas nenhuma dessas ações irá prosperar, estamos no Brasil e no Pará, terra onde a corrupção e a impunidade imperam impiedosamente. Infelizmente.
Hiroshi Bogéa
26 de março de 2010 - 21:51Querido Ademir: estou sabendo de seus esforços para evitar que essa tragégia ambiental (mais uma) se instale no Sereno, Rio Vemelho e Itacaiúnas. Prometo me aliar a ti nesse embate. Vamos denunciar e predir apoio desse pessoal aí que, ao invés de encarar problemas mais sérios _ o caso do mercúrio é um escândalo!- fica pentelhando a pavimentação de uma vicina (Palestina) que hoje só tem mosquitos, lama e poeira, devastada há mais de duas décadas. Vamos trocar telefonemas. Beijucas, parceiro.
Quaradouro
26 de março de 2010 - 20:29Caro:
Preocupado com a dimensão da poluição mercurial em Serra Pelada, mandei aquela minha reportagem para a Corregedoria do Ministério Público e ainda não tive resposta.
É ameaçadora a possibilidade de que o secamento da cava e o despejo da água no Igarapé Sereno, que já está assoreado, traga para a calha do Itacaiunas, até Marabá, e daqui Tocantins abaixo, as centenas de quilos de mercúrio que foram atiradas no solo do garimpo.